Desenvolvida sob um viés super contemporâneo que procurou pensar a arqueologia desses povos que ocuparam os sítios Inhazinha e Água Limpa em termos de uma história de longa duração, a Arqueologia que aqui se apresenta é antes de mais nada uma arqueologia dos Jê meridionais, uma arqueologia que ao mesmo tempo que teve que lidar com um horizonte précolonial na tentativa de compreender padrões de assentamento, preocupou-se em situar os horizontes de agricultores período colonial sob o olhar de uma arqueologia do colonialismo, lindando não só com a cultura material, mas também com dados históricos. Assim, a pesquisa que aqui se apresenta, discorre sobre dois sistemas socioculturais, um Cayapó (sítio Inhazinha) e outro Kaingang (sítio Água Limpa), localizados respectivamente no vale do Alto Paranaíba/MG no município de Perdizes e no vale do Turvo/SP no município de Monte Alto. A pesquisa investigou os principais aspectos do universo empírico de ambos os sítios, tais como o ambiente e a tecnologia da cultura material, no intuito de verificar eventuais recorrências e/ou mudanças entre os sítios, tendo em vista sua inserção em território associado a ocupações ceramistas dos povos Jê. Buscou-se ainda, pensar relacionalmente os dois sítios de modo a inferir sobre os padrões de assentamento e subsistência, propondo explicações e possíveis inferências sobre o modo de vida e aspectos da dinâmica cultural dessas populações de agricultores ceramistas que viveram até o século XIX. Os vestígios encontrados, revelam não só as características socioculturais do grupo, mas também demonstram processos de "interação" decorrentes do inevitável contato com o homem branco. Os resultados obtidos demonstram tanto aspectos de continuidade como de mudança cultural desses povos que sofreram a desventura do contato e da colonização europeia, fazendo com que viessem a compartilhar além do tronco linguístico muitas outras semelhanças socioculturais.

Developed under a super contemporary bias that sought to think the archeology of these peoples who occupied the Inhazinha and Água Limpa sites in terms of a long history, the Archeology presented here is, above all, an archeology of the southern Jê, an archeology that at the same time that he had to deal with a pre-colonial horizon in an attempt to understand settlement patterns, he was concerned with situating the horizons of farmers colonial period under the guise of an archeology of colonialism, bordering not only material culture but also with historical data. Thus, the research presented here discusses two sociocultural systems, one Cayapó (Inhazinha site) and another Kaingang (Água Limpa site), located respectively in the Alto Paranaíba valley in the municipality of Perdizes/MG and in the Turvo valley in the municipality of Monte Alto/SP. The research investigated the main aspects of the empirical universe of both sites, such as the environment and the technology of the material culture, in order to verify eventual recurrences and / or changes between the sites, in view of their insertion in territory associated with ceramist occupations of the Jê peoples. It was also tried to relationally think the two sites in order to infer about the patterns of settlement and subsistence, proposing explanations and possible inferences about the way of life and aspects of the cultural dynamics of these populations of ceramic farmers who lived until the 19th century. The traces found reveal not only the sociocultural characteristics of the group, but also demonstrate processes of "interaction" arising from the inevitable contact with the European. The results obtained demonstrate both aspects of the continuity and cultural change of these peoples who suffered the misfortune of European contact and colonization, causing them to share many other socio-cultural similarities beyond the linguistic trunk.