Este trabalho trata da importância dos dados etnográficos e da prática etnográfica na construção do conhecimento arqueológico. A autora busca mostrar como, na história da arqueologia, os dados etnográficos e a pesquisa etnográfica vêm sendo apropriados e entendidos pela(o)s arqueólog(o)s. Assim, cada capítulo inicia com uma breve revisão sobre como a etnografia foi sendo compreendida pela antropologia, e se desenvolve mostrando o modo como a(o)s arqueóloga(o)s foram dela se apropriando na sua prática e produção científica. Nesta revisão da produção arqueológica, a atenção da autora foi dedicada a autora(e)s e trabalhos que influenciaram a sua trajetória científica, especialmente, aqueles que trataram de temas como tecnologia, paisagem, espacialidade, formação do registro arqueológico e a noção de patrimônio arqueológico. Temas que são do interesse da autora, desde a década de 1990, como pode ser constatado nas pesquisas que tem desenvolvido, orientado ou supervisionado sobre diferentes povos indígenas (p.ex. Asurini do Xingu, Xikrin-Kayapó, Kaingang, Terena, Laiana, Kinikinau, Guaikuru, Kayabi, Xokléng/Laklãnõ, Wai-Wai, Cinta Larga, Arara, Wauja, Karajá/Ynÿ, Apiacá) e outras populações (p.ex. sertanejas, quilombolas, pastoras, camponesas), no Brasil, Peru e Argentina. Portanto, este trabalho se constitui de uma versão muito particular da história da relação entre etnografia e arqueologia. Todos os capítulos, bem como a conclusão podem ser lidos de forma independente, pois foram escritos na forma de artigos acabados sobre cada um dos temas abordados; a bibliografia, inclusive, foi separada por capítulo para facilitar a consulta de leitora(o)s. O trabalho é, em última instância, uma extensa revisão bibliográfica sobre o tema da relação entre etnografia e arqueologia, e pretende servir como referencial de leituras para estudantes e outrem interessada(o)s no tema da relação entre arqueologia e etnografia.

This work discusses the importance of ethnographic data and ethnographic practice in the construction of archaeological knowledge. The author seeks to show how, in the history of archeology, ethnographic data and ethnographic research have been appropriated and understood by archaeologists. Thus, each chapter begins with a brief review of how ethnography has been understood by anthropology, and develops by showing how archaeologists have appropriated it in their practice and scientific production. In this review of archaeological production, the author's attention was dedicated to author(s) and works that influenced her scientific trajectory, especially those that dealt with topics such as technology, landscape, spatiality, formation of the archaeological record and the notion of archaeological heritage. Topics that have been of interest to the author since the 1990s, as can be seen in the research she has developed, guided or supervised on different indigenous peoples (eg Asurini do Xingu, Xikrin-Kayapó, Kaingang, Terena, Laiana, Kinikinau, Guaikuru, Kayabi, Xokléng/Laklãnõ, Wai-Wai, Cinta Larga, Arara, Wauja, Karajá/Ynÿ, Apiacá) and other populations (eg sertanejas, quilombolas, shepherdesses, peasants), in Brazil, Peru and Argentina . Therefore, this work constitutes a very particular version of the history of the relationship between ethnography and archeology. All chapters, as well as the conclusion, can be read independently, as they were written in the form of finished articles on each of the topics covered; the bibliography has even been separated by chapter to facilitate consultation by readers. The work is, ultimately, an extensive bibliographic review on the subject of the relationship between ethnography and archeology, and intends to serve as a reference for readings for students and others interested in the subject of the relationship between archeology and ethnography.