Baseado nos estudos sobre educação para cidadania e educação para a biodiversidade, o objetivo deste trabalho é caracterizar as relações entre biodiversidade e cidadania em uma discussão sociocientífica realizada por estudantes de ensino médio (entre 16 e 17 anos). Estudos apontam a necessidade de propor uma relação dialógica entre concepções de cidadania e o ensino de ciências. No entanto, poucos trabalhos na área oferecem possibilidades para promover uma educação cidadã relacionada à preservação da biodiversidade em prol da justiça ambiental. Os sujeitos desta pesquisa são um grupo de nove alunos pertencentes ao segundo ano do ensino médio. A coleta das informações foi realizada a partir da ferramenta metodológica conhecida por Grupo Focal, o qual abordou o tema do desaparecimento das abelhas e suas consequências para o meio ambiente e para a sociedade. As falas foram transcritas e posteriormente estruturadas em argumentos. O conteúdo desses argumentos foi caracterizado tendo em vista categorias de análise para as dimensões da cidadania, biodiversidade e marcadores de cidadania ecológica. A partir dos resultados obtidos identificamos o aparecimento de todas as categorias em contextos diversos de relações no processo argumentativo. No entanto, apesar do discurso apresentar essa perspectiva ampla diante as dimensões, observamos que esses não podem ser considerados cidadãos plenos, uma vez que identificam diversos impasses para participação ativa em ações de transformação da situação socioambiental em discussão, evidenciando situações de semicidadania, injustiça social e opressão das estruturas de poder. A presente investigação aponta a importância do ensino para a construção da cidadania ecológica considerando as dimensões de cidadania e biodiversidade, consequentemente a formação de um cidadão capaz de reconhecer e questionar a problemática socioambiental. Esse estudo pretende contribuir para uma formação científica cidadã que promova discussões integrativas e relacionais entre os diferentes domínios da cidadania e da biodiversidade e, assim, romper com a perpetuação de situações socioambientais desiguais.

Based on studies regarding education for citizenship and education for biodiversity, we aim to characterize the relationship between biodiversity and citizenship in a socio-scientific discussion carried out by high school students. Studies point out the need for a dialogical relationship between citizenship concepts and objectives, strategies and methods for teaching science. However, few studies offer possibilities to promote education for citizenship related to the preservation of biodiversity, and considering environmental justice. The participants of this research are a group of nine students attending the second year of high school. The data collection was carried out by a Focal Group with the purpose of addressing the consequences of the disappearance of bees for the environment and society. The data were transcribed and later structured into arguments. The content of these arguments was characterized in view of categories for the dimensions of citizenship, biodiversity, and also markers of ecological citizenship. From the results obtained, we identified the appearance of all the different categories in distinct contexts of associations in the argumentative process. However, besides the discourse presented this complete perspective regarding the dimensions, we note that these students cannot be considered full citizens, since they pointed out several impasses for participation in transform the socio-environmental situation discussed, highlighting situations of semi-citizenship, social injustice, and structural power oppressions. This investigation signalizes the importance of teaching for ecological citizenship, considering the dimensions of citizenship and biodiversity. Consequently, an education for recognition and critical social participation in face of socio-environmental issues. In this sense, this study aims to contribute to a scientific citizen formation that can promote integrative and relational discussions between the different domains of citizenship and biodiversity thus, break with the perpetuation of unequal socioenvironmental situations.