Esta tese tem como principal objetivo analisar os processos envolvidos na construção da visualidade produzida a partir das interações sociais estabelecidas entre missionários britânicos anglicanos e as populações que habitavam o território de Uganda, interior da África Oriental, entre o final do século XIX e o início do XX. Para tanto, selecionamos um conjunto documental diversificado, composto por relatos de viajantes, narrativas missionárias, álbuns e periódicos ilustrados relacionados às ações empreendidas pela Church Missionary Society (CMS) na região dos Grandes Lagos africanos, entre as décadas de 1870 e 1920. Por meio do contato com tais fontes – ainda pouco exploradas sob a perspectiva da visualidade e da imagem enquanto produto e produtora de dinâmicas sociais – pretendemos compreender os múltiplos papéis que os registros visuais – fotografias, gravuras, desenhos, aquarelas e ilustrações – desempenharam na conformação de práticas, discursos e projeções europeias sobre o continente africano. Adotando como fios condutores tais pressupostos, também almejamos discutir como a produção dessa visualidade gerada no contexto de implantação do colonialismo britânico na África Oriental se deu a partir de diferentes agenciamentos sociais, transitou por variados circuitos e foi reapropriada em diferentes campos do conhecimento

This thesis' main objective is to analyze the construction of visual documents from the social interactions established between British Anglican missionaries and the populations that inhabited the territory of Uganda, in the interior of East Africa, between the years of 1870 and 1920. We selected a diverse set of documents, such as travelers' reports, missionary stories, picture and watercolor albums, and illustrated periodical articles related to the actions undertaken by the Church Missionary Society (CMS) in the African Great Lakes region. With these sources in hand – which have been little explored at the visual and image perspective, as a product and producer of social dynamics – we intend to understand the multiple roles that visual records – photographs, engravings, drawings, watercolors, and illustrations – played in shaping practices, European speeches, and projections on the African continent. Adopting these assumptions to guide our research, we also aim to discuss how the production of this visual material in the context of the implementation of British colonialism in East Africa took place from different social agencies, passed through different circuits, and was reappropriated in different fields of knowledge.