A partir do anúncio de instalação da sede administrativa dos negócios do pré-sal da Bacia de Santos pela Petrobras, em 2006, um novo momento da produção e reprodução do espaço na cidade de Santos teve início. Na última década do século passado, o município passou por um período de estagnação econômica e, sob o paradigma administrativo dito empresarial, o poder público local procurou promover a requalificação urbana da área central para atrair capitais e fomentar a geração de empregos, revertendo a crise. Entretanto, foi a possibilidade de atração de vultosa soma de capitais, relacionados à exploração do petróleo, que se tornou a alavanca de projetos urbanos e negócios imobiliários nos anos seguintes em Santos. Observou-se um aumento significativo de lançamentos imobiliários, seguido por um processo de inflacionamento dos preços dos imóveis na cidade. Além disso, houve ainda uma inédita inflexão à produção de novos espaços de negócios, a fim de atender empresas prestadoras de serviços que acompanhariam a instalação da petrolífera na cidade. Todavia, a partir de 2014, uma combinação de crises internas e externas na Petrobras paralisou os investimentos da empresa na cidade. Os efeitos da redução dos investimentos da Petrobras e, posteriormente, da recessão econômica no país, mudaram a maré de negócios, impactando a transformação da paisagem urbana da cidade. Orientado pela reflexão lefebvriana (2008) de que a produção do espaço passou a ocupar um papel de protagonismo na reprodução do capital, bem como a partir da ideia de Harvey (2011) e Carlos (2011) sobre a produção do espaço e o deslocamento de capitais, perseguimos a hipótese de que a atual morfologia de Santos, na qual se encontram esse novo conjunto de edificações, revela o caráter especulativo da produção da cidade como negócio na mesma medida em que engendra um espaço urbano ainda mais desigual.

A new moment in the production and reproduction of space in the city of Santos began in 2006 with the announcement and installation of the administrative headquarters of the pre-salt business in the Santos Basin by Petrobras. In the last decade of the last century, the municipality went through a period of economic stagnation and, under the so-called entrepreneurial administrative paradigm, sought to promote the urban requalification of the central area to attract capital and encourage the generation of new work positions. However, it was the possibility of attracting a large sum of capital from the oil exploration market that promote urban projects and real estate businesses in the following years in Santos, followed by a significant increase in real estate constructions and the subsequent process of inflation of real estate prices in the city. In addition, there was also an unprecedented inflection in the production of new business spaces in order to provide services for this new market business. However, starting in 2014, a combination of internal and external crises at Petrobras paralyzed the company's investments in the city. The effects of the reduction in investments by Petrobras and, later, of the economic recession in the country, changed the business tide, impacting the transformation of the urban landscape of the city. Guided by the Lefebvrian (2008) reflection that the production of space started to play a leading role in the reproduction of capital, as well as based on the idea of Harvey (2011) and Carlos (2011), on the production of space and the displacement of capitals, we pursue the hypothesis that the current morphology of Santos, in which this new set of buildings is located, reveals the speculative character of the city's production as a business to the same extent that it engenders an even more unequal urban space.