A presente pesquisa de doutorado discute a forma particular de existência e reprodução crítica das categorias capitalistas em Cuba, desde a Revolução. Desse modo, o dinheiro, o trabalho e a mercadoria são investigados enquanto formas sociais capitalistas que mediam a sociabilidade cubana de forma particularmente crítica, submetidas à centralização estatal e à Revolução como processo de modernização periférica socialista. A crítica ao processo de modernização ensejada pela Revolução cubana, por sua vez, articula-se à crítica ao capitalismo como contradição em processo, com a consideração da dinâmica de acumulação e crise do bloco soviético socialista como parte integrante da totalidade capitalista, fragmentada e contraditória. A crítica às categorias do capital em Cuba passa pela discussão da tentativa do Estado revolucionário em monopolizá-las e geri-las, e se combina à crítica ao patriarcado que se estabeleceu no país, sobretudo associado a políticas de coerção ao trabalho, impostas como momento constitutivo da modernização. A partir da consideração do cotidiano como dimensão contraditória da reprodução social, e da crítica do valor dissociação como perspectiva teórica, a pesquisa caminha por níveis da cotidianidade que se apresentam como "interferências" à escrita formal e ao corpo do texto. Tais "interferências" sinalizam a dimensão do colapso da Revolução que escapa à crítica teórica lida estruturalmente. Diante do recrudescimento da crise do capitalismo em nível mundial, nas últimas décadas, a pesquisa se desdobra na discussão sobre o caráter catastrófico da reprodução econômica e social cubana na atualidade. Assim, o espetáculo e o capital fictício são analisados enquanto formas de mediação necessárias à manutenção da reprodução social nos termos capitalistas, frente à impossibilidade da exploração rentável da força de trabalho na ilha, que aponta para o colapso da Revolução cubana e para crise mundial do capital como processo de valorização

This doctoral research discusses the particular form of existence and critical reproduction of capitalist categories in Cuba since the Revolution. In this way, money, work and merchandise are investigated as capitalist social forms that mediate Cuban sociability in a particularly critical way, subject to state centralization and the Revolution as a process of peripheral socialist modernization. The critique of the process of modernization brought about by the Cuban Revolution, in turn, is linked to the critique of capitalism as a contradiction in process, taking into account the dynamics of accumulation and crisis of the Soviet socialist bloc as an integral part of the capitalist totality, which is fragmented and contradictory. The critique of the categories of capital in Cuba includes a discussion of the revolutionary state's attempt to monopolize and manage them, and is combined with a critique of the patriarchy that was established in the country, above all associated with policies of coercion of labour, imposed as a constitutive moment of modernization. Based on the consideration of everyday life as a contradictory dimension of social reproduction, and the critique of the value of dissociation as a theoretical perspective, the research moves through levels of everyday life that present themselves as "interferences" to the formal writing and the body of the text. These "interferences" signal the extent of the Revolution's collapse, which escapes theoretical criticism that is read structurally. Faced with the resurgence of the crisis of capitalism worldwide in recent decades, the research unfolds in a discussion about the catastrophic nature of Cuban economic and social reproduction today. Thus, the spectacle and fictitious capital are analyzed as forms of mediation necessary to maintain social reproduction in capitalist terms, given the impossibility of profitable exploitation of the workforce on the island, which points to the collapse of the Cuban Revolution and the global crisis of capital as a process of valorization.