Na presente pesquisa, o objetivo foi analisar o currículo oficial de Geografia da rede estadual de educação de São Paulo, discutir a sua descolonização e apresentar as possibilidades que podem ser criadas para disputá-lo no chão da escola, nesse caso, na Escola Estadual Professora Marina Cintra, no centro de São Paulo. As disputas travadas têm como intuito ressignificar o currículo oficial, por entendê-lo como um objeto poderoso e nada imparcial, que contribui para silenciar narrativas e o corpo negro na escola, disseminando apenas a geografia hegemônica e eurocêntrica. Assim, faz-se necessária a construção de uma Geografia Negra que promova a descolonização desse documento, através de diversas práticas no chão da escola, bem como fora dele - aproveitando todo o território que a cerca. O desenvolvimento da pesquisa teve como base uma série de leituras que discutem o tema currículo e a sua descolonização a partir de diferentes pesquisadores e pesquisadoras que, pelo Brasil afora, estão construindo Geografias Negras. Além disso, objeto e sujeito se misturam na construção dessa dissertação, ou seja, falamos de uma teoria implicada e de um método etnográfico, propondo um olhar de dentro, permeado por uma escrita minuciosa, baseada em Conceição Evaristo, em uma escrevivência do dia a dia e das práticas que constroem a presente pesquisa. A sustentação dessa disputa também se dá com uma série de depoimentos de alunas/os e ex-alunas/os que demonstram suas percepções em relação às práticas denominadas Geografias Negras. Como conclusão, a contribuição final desse trabalho está na construção de um pequeno manual, a fim de partilhar essas práticas e inspirar que novas disputas sejam travadas em outros lugares, outras escolas.

In this research, the objective was to analyze the official curriculum of Geography of São Paulo state public school, discuss its decolonization and present the possibilities that can be created to dispute it on the school ground, in this case, at the Escola Estadual Professora Marina Cintra, in São Paulo city center). The disputes are intended to re-signify the official curriculum, by understanding it as a powerful, not impartial object, which contributes to silencing narratives and the black body at school, disseminating nothing else but the hegemonic and Eurocentric geography. Thus, it is necessary to build a Black Geography that promotes the decolonization of this curriculum, through various practices on the school ground, as well as outside it, using all the territory that surrounds it. The development of the research was based on a series of readings that discuss the curriculum theme and its decolonization from different researchers who, throughout Brazil, are building Black Geographies. In addition, object and subject are mixed in the construction of this dissertation, that is, we talk about an implied theory and an ethnographic method, proposing an inside look, permeated by a meticulous writing, based on Conceição Evaristo, in a day-to-day writing experience and practices that build this research. This dispute is also supported by a series of testimonies from students and ex-students who demonstrate their perceptions in relation to practices called Black Geographies. In conclusion, the final contribution of this work is in the construction of a small manual, in order to share these practices and inspire new disputes to be held in other places, other schools.