A pesquisa em filosofia da educação tem se empenhado em elucidar e contribuir com o debate acerca da experiência, notória palavra em disputa. Ainda no início deste século, uma conferência de 2001, de Jorge Larrosa, trouxe à tona esta palavra que vem sendo recorrentemente utilizada nos discursos educacionais e revogada em diferentes correntes teóricas. Ora a experiência é tomada como justificativa para o recurso às novas tecnologias digitais em sala de aula, ora é mobilizada nos discursos críticos pela constatação de sua ausência na instituição escolar. De toda maneira, tem sido amplamente requerida em educação, e paradoxalmente cobrada, para que a aprendizagem aconteça. Este trabalho, por sua vez, busca a compreensão do termo a partir da filosofia de Walter Benjamin, e entrar por outro caminho nesse debate, qual seja: voltarmo-nos para a experiência do aluno que hoje é professor, ou ainda, para a experiência escolar infantil que habita o professor em seu ofício. Nosso objetivo é refletir sobre a experiência escolar e as potencialidades de sua narrativa. Queremos pensar como a memória da experiência da infância reflete sobre a docência, perguntar onde começa a experiência dos professores, e como operam suas memórias no fazer docente. Na investigação das percepções educacionais da experiência e da narração na teoria benjaminiana, chegamos à discussão sobre a vida presente na escola, da dimensão existencial da educação, e das possíveis narrativas em sua defesa e elogio. Como estratégia metodológica, além do recurso fundamental ao estudo bibliográfico, tivemos contato com noções de escrita autobiográfica, autonarrativa e antiautobiográfica. Os resultados afluíram para um ensaio poético a respeito das potencialidades das narrativas de memórias da experiência escolar infantil dos professores, para a compreensão do próprio exercício de seu ofício; assim como para uma melhor compreensão da história, que também passa por uma compreensão melhor de si mesmo, e pelas vozes dos silenciados e vencidos. As narrativas têm o potencial de abrir novos caminhos na história, de atualizar o presente. Ademais, apresentamos na poética de nosso ensaio um conjunto de narrativas, que denominamos cenas. São peças antiautobiográficas, fruto da experiência com a pesquisa; uma mostra de escritos que revisitam a memória da experiência escolar infantil de uma professora. Pois, em Benjamin, a experiência está intrinsecamente vinculada à narração.

Research efforts have been made in recent years in philosophy of education, aiming to better structure the debate concerning the disputed concept of experience. In the year of 2001 a conference by Jorge Larrosa shed direct light on the word, that has since been recurrently and divergently used in educational discourse here experience may be reffered to as justification for the employment of digital technologies in the classroom, there it may be used in critical analyses denouncing the absence of experience in contemporary educational institutions. Be that as it may, the word has been broadly adopted, and paradoxically implemented, as if it were to establish and ensure that effective learning is taking place. In this dissertation we aim to comprehend the term in light of Walter Benjamins philosophy, thus entering the aforementioned debate by a differing route: the experience of the student that is now a teacher; or, differently put: the infantile school experience that lives through the teacher at work. Our goal is to reflect on the schooling experience and its narratives potentiality we wish to elaborate on the terms through which childhood experience reflects on teaching, where teachers experience begins and how his/her memories affect the teaching situation. By investigating perceptions on educational experience and benjaminian theory on narration, we propose reflections on the life present at school, the existential dimension of education and of narratives that might illuminate it, defend it and praise it. In terms of methodological strategy, there has been fundamental resource to pertinent bibliography, including fields related to autobiographical writing, self-narration and anti-autobiography. Results reported gravitate around a poetical essay regarding the potentialities of teachers childhood school experiences memoirs to better understand their labour, as well as to better understand History understanding which is only possible through a better understanding of oneself and through the voices of the silenced and the oppressed. Narratives have the potential to open new paths in history, livening the present. Furthermore, the dissertation presents a set of autobiographical narratives, entitled scenes, that have been developed alongside and as an integral part of the researchers experience of the research process, a composite of texts that revisit, thus, the childhood schooling experiences memories of a teacher. Benjamins philosphy states, after all, that experience is intrinsecally bound to narration.