O conceito de experiência encontra-se na obra de Adorno em diversos momentos de sua produção bibliográfica. Para ele, a experiência está na base da condição de qualquer conhecimento. Pois, o filósofo alemão pressupõe que a nossa capacidade de conhecer a realidade exterior se baseia na formação empírica do intelecto. Isto é, o sujeito não está isolado do mundo que o cerca: sua percepção já está, de certa forma, determinada pela apropriação subjetiva, mas o mundo permeou a constituição de sua maneira de pensar. O primeiro capítulo dessa dissertação se volta, então, à sua relação com o idealismo alemão, que explorou profundamente os meandros da teoria do conhecimento. Assim, remetemo-nos, principalmente, a Hegel. O segundo capítulo se dedica a explorar os caminhos próprios da experiência adorniana, na Dialética Negativa e em O ensaio como forma. Em ambos se evidencia o materialismo de Adorno, colocando em primeiro plano a primazia do objeto e a possibilidade do sujeito enquanto mediação do objeto. Sua filosofia se desenvolve, então, a partir da experiência, cuja forma é determinada pela relação recíproca entre sujeito e objeto. A contradição se mantém na relação entre os momentos do objeto pensado, que não se fecham em definições predicativas, e se expõem em sua insuficiência de efetivação. No terceiro capítulo, a influência de Walter Benjamin é exposta pela sua concepção de experiência e a perda dela na sociedade capitalista. Assim, percorremos o diálogo entre os dois e levantamos a hipótese interpretativa da incorporação de elementos da literatura de Kafka na linguagem adorniana. No quarto capítulo, abrangemos o conceito de mímesis da obra de Adorno, como um conceito que se move entre significados; por um lado, possibilita a relação entre homem e natureza que não se limite à dominação, por outro, é integrado à ideologia do todo social. Este conceito está também ligado à educação, pela Bildung (formação cultural), que se coloca como necessária para que o indivíduo chegue à autoconsciência da sua dependência com relação à sociedade. Tal passo é importante para a sua emancipação da dominação social, propondo-se como resistência à injustiça da sociedade que permanece dividida em classes e promove constantemente a opressão dos indivíduos.

The concept of experience can be found in Adorno's work in several moments throughout his bibliographical production. For him, experience is inside the very foundation of any kind of knowledge, because the German philosopher presupposes that our capacity of externai knowledge is based on empirical formation of the intellect. Therefore, the subject is not isolated from the world which surrounds him: his perception is already, in a certain way, determined by subject appropriation, but the world has permeated the constitution of his way of thinking. This dissertatioiVs first Chapter is tuned to his relation with German idealism, which has explored profoundly the meanderings of the theory of knowledge; we refer, primarily, to Hegel. The second Chapter is dedicated to explore Adornos experience own path, in Negative Dialecíic and in "The Essay as Form". In both, is pointed out Adomo's materialism, putting in first place the objecfs primacy and possibility of subject as mediation of the object. His philosophy is developed from the perspective of experience, in which the form is determined by the reciprocai relation between subject and object. The contradiction is kept into the interaction amongst the moments of the thought object, that do not close themselves in predicative definitions, and expose themselves in their insufficiency of realization. In the third Chapter, the influence of Walter Benjamin is shown through his conception of experience and its loss in the capitalist society. Thus, we go through the dialog between them and raise up the interpretative hypothesis of the incorporation of Kafka's literature elements into Adomo's own language. In the fourth Chapter, we approach the concept of mimes is in Adorno's work, as a concept that moves amidst significations; on one hand, enables the relation between mankind and nature, in which it is not limited by domination; on the other hand, is integrated to the social whole's ideology. This concept is also attached to education, by the Bildung (cultural formation), that is placed as necessary to reach self-consciousness of its dependence in relation to society. Such step is important to the emancipation of social domination, proposing oneself as resistance to injustice in society that slays divided in classes and constantly promotes oppression of the individual.