Esta pesquisa objetivou propor e analisar um novo dispositivo de grupo com objetos mediadores de alimentação e comida (Grupo-nhAC). Desenvolvendo as características teóricas e metodológicas a partir de uma pesquisa qualitativa de intervenção, aprovada em comitê de ética de pesquisa com seres humanos. Primeiro, houve a identificação e delineamento do dispositivo à luz da Teoria e da Técnica Psicanalítica sobre grupos com objetos mediadores. Depois, foram realizados grupos em quatro unidades da Estratégia de Saúde da Família, em dois municípios de pequeno porte (< 20 mil habitantes), na Paraíba, Brasil. Os grupos foram semanais, entre maio e setembro de 2022, com três a quatro sessões, em cada unidade, totalizando de treze encontros realizados, com duração média de 1h 36min cada. Os participantes foram trabalhadores dos serviços e seus usuários, com faixa etária de 22 a 70 anos, sendo a maioria mulheres. Após cada sessão, houve reunião pós-grupo com a equipe de coordenação, com fins pedagógicos e reflexivos. Como método de registro e análise de dados foram feitos relatos de sessões, permitindo identificar as cadeias associativas das temáticas relacionadas aos conteúdos circulantes nos grupos (emergentes), formando um conjunto de elementos como categorias para a análise a partir da literatura pertinente. Os principais emergentes estiveram ligados às tarefas de cada sessão (preferências alimentares, receitas culinárias e as preparações e comidas feitas em uma atividade prática pelo grupo). Foram identificadas as categorias: morte e vida (ou sua fantasia); os paradoxos da assistência e do cuidado: orientação x imposição x sujeito; contradições; intermediário da cultura; cozinha; corpo e as intervenções em grupo. A alimentação e a saúde foram percebidas como mal-estar e associada a sofrimentos pelos modelos assistenciais biomédicos, à hierarquização dos processos de cuidado, à falta de lugar para diferentes saberes nos serviços de saúde. As experiências de adoecer e morrer, misturaram-se às ideias de proibições e prescrições dos profissionais e dos espaços de saúde. Identificou-se pouco acolhimento aos lutos e sofrimentos que mudanças alimentares e de vida significam para os sujeitos junto aos serviços de saúde. O ato de cozinhar juntos foi a mediação que auxiliou no processo de sublimação, ajudando a restaurar os sofrimentos ligados a alimentação. Com o Grupo desenvolveu-se a possibilidade reencenar os papéis sociais e as práticas coletivas, dando chance ao experienciar novas atividades sociais e possivelmente, subjetivas. Conclui-se que o GruponhAC tem potencial para o trabalho da dimensão subjetiva e outras diversas do cotidiano e tem fácil adoç/ão por diferentes profissionais. Sua constituição envolve as tarefas, ambiência, convite, acolhimento, momentos da sessão, mediação com objetos (imagens de alimentos; receitas culinárias; cozinhar) e o pós-grupo com os coordenadores. Sendo um dispositivo com grande diversidade de conteúdos com fins de promoção à saúde sobre a alimentação, cultura, saúde e cuidado da população, podendo ser adaptado a diferentes dimensões loco-regionais. Sugere-se uma frequência semanal, com a participação de até 15 pessoas, com entrada flexível, com equipe de coordenação composta por profissionais que tenham interesse pela comunicação dialógica e uso de objetos para o cuidado em práticas grupais em saúde

This research aimed to propose and analyze a new group intervention using mediation objects related to food and eating (GROUP-nhAC). Developing theoretical and methodological characteristics based on qualitative intervention research, approved by the research ethics committee with human beings. First, there was the identification and delineation of the device in the light of Psychoanalytic Theory and Technique on groups with mediating objects. Afterwards, groups were held in four units of the Family Health Strategy, in two small municipalities (< 20 thousand inhabitants), in Paraíba, Brazil. The groups were held weekly, between May and September 2022, with three to four sessions, in each unit, totaling thirteen meetings held, with an average duration of 1h 36min each. The participants were service workers and users, aged between 22 and 70 years old, the majority of whom were women. After each session, there was a post-group meeting with the coordination team, for pedagogical and reflective purposes. As a method of recording and analyzing data, session reports were made, allowing the identification of the associative chains of themes related to the content circulating in the groups (emerging), forming a set of elements as categories for analysis based on the relevant literature. The main emergents were linked to the tasks of each session (food preferences, culinary recipes and the preparations and foods made in a practical activity by the group). The categories were identified: death and life (or your fantasy); the paradoxes of assistance and care: guidance x imposition x subject; contradictions; culture intermediary; kitchen; body and group interventions. Food and health were perceived as discomfort and associated with suffering due to biomedical care models, the hierarchization of care processes, and the lack of space for different types of knowledge in health services. The experiences of becoming ill and dying were mixed with ideas of prohibitions and prescriptions from professionals and healthcare spaces. There was little acceptance of the grief and suffering that dietary and life changes mean for individuals in health services. The act of cooking together was the mediation that helped in the sublimation process, helping to restore the suffering linked to food. With the Group, the possibility of reenacting social roles and collective practices was developed, giving the chance to experience new social and possibly subjective activities. It is concluded that the GROUP-nhAC has the potential to work on the subjective dimension and other aspects of everyday life and is easy to adopt by different professionals. Its constitution involves tasks, ambience, invitation, reception, session moments, mediation with objects (images of food; culinary recipes; cooking) and the postgroup with the coordinators. Being a device with a great diversity of content for health promotion purposes regarding food, culture, health and care of the population, it can be adapted to different loco-regional dimensions. A weekly frequency is suggested, with the participation of up to 15 people, with flexible entry, with a coordination team made up of professionals who are interested in dialogic communication and the use of objects for care in group health practices