Estudou-se a cinética e os mecanismos de formação de perlita esferoidizada em aço hipereutetóide, por meio de técnicas de tratamentos isotérmicos interrompidos e dilatometria. O aumento da temperatura de austenitização promoveu deslocamento das curvas TTT da perlita para a direita. Nas amostras que, após austenitização, apresentaram carbonetos não dissolvidos na austenita, o deslocamento das curvas foi maior para superesfriamentos menores; nas amostras austenitizadas em temperaturas maiores e que apresentaram carbonetos não dissolvidos, o deslocamento das curvas TTT foi maior para superesfriamentos maiores. Observou-se que a formação de perlita esferoidizada ocorria pela movimentação de uma interface alfa-gama sobre austenita contendo carbonetos não dissolvidos. O aumento da fração volumétrica de carbonetos que acompanhava a reação, ocorria principalmente por crescimento dos carbonetos já existentes na austenita quando em contato com a interface. Foram observados, entretanto, nucleação de novos carbonetos na interface ferrita austenita e crescimento de carbonetos na ferrita após a passagem da interface. Foram medidas a fração volumétrica, o número de colônias por unidade de volume e a velocidade de crescimento de colônias de perlita formadas após austenitização em diferentes temperaturas. Observou-se que a velocidade de crescimento é constante e, assim como a taxa de nucleação, sensível à estrutura. A velocidade de crescimento foi maior nas colônias de perlita esferoidizada formadas a partir da austenita, contendo carbonetos não dissolvidos, do que nas de perlita lamelar resultantes da transformação da austenita de carbonetos. Estudou-se a cinética de crescimento das estruturas esferoidizadas utilizando-se modelo de difusão com gradiente de concentraçãoconstante. Os coeficientes de difusão aparentes calculados resultaram compatíveis com processos de difusão de carbono na austenita e difusão de elementos substitucionais ao longo da interface ferrita-austenita. Com base nestes resultados, discutiu-se a competição entre a formação de estruturas esferoidizadas e lamelares nos aços hipereutetóides.

The mechanisms and kinetics of spheroidized pearlite formation on hypereutectoid steel has been studied. Isothermal heat treatments and dilatometric technics, were used. The increase of the austenitizing temperature caused the displacement of the IT curves to the right. On specimens which after austenitizing treatment showed undissolved carbides in austenite, the displacement of the curves was higher for smaller undercooling. On specimens austenitized under higher temperatures, which were free from undissolved carbides, the displacement of the IT curves was larger for higher undercooling. It was observed that the formation of spheroidized pearlite, took place through the movement of an alfa-gama interface upon austenite containing undissolved carbides. The increase in carbide volume fraction, that followed the reaction, took place mainly, by growth of undissolved carbides when in contact with the interface. However, nucleation of new carbides at the ferrite-austenite interface and growth of carbides in ferrite after the passage of the interface, were observed. The volume fraction, number of colonies per unit volume and the growth velocity of pearlite formed from different austenitizing temperatures, were measured. It was observed that the growth velocity is constant and as the nucleation rate structure sensitive. The kinetics of spheroidized pearlite growth was studied using a constant concentration gradient diffusion model. The apparent diffusion coefficients calculated were in accordance with diffusion of carbon in austenite and diffusion of substitutional elements in the ferrite-austenite interface. Based on the above results, the competition between the formation of spheroidized and lamellar pearlite in hypereutectoid steels is discussed.