Este trabalho propõe um estudo das ideias e motivações políticas do Centro Popular de Cultura que nasce associado à União Nacional dos Estudantes (UNE), tendo em vista sua experiência na cidade de Santo André, em que se busca uma prática engajada de "teatro proletário". Para isso, analisa-se as ideias contidas no Anteprojeto do Manifesto do CPC, bem como no livro A Questão da Cultura Popular, ambos de autoria de Carlos Estevam Martins, ainda se apresenta a crítica à linha adotada na Resolução Política do V Congresso do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (1960) e a síntese de seu programa de luta "anti-imperialista e antifeudal, nacional e democrática". O trabalho traz a revisão histórica e política das críticas produzidas em meados da década de 1980 ao CPC, em especial, a de Marilena Chauí, em Seminários (1983), da coleção O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira, além de recuperar a história do CPC do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, em que o projeto do CPC é levado às últimas consequências e a cultura popular toma a forma da cultura proletária, cujas concepções políticas aparecem próximas do Proletkult russo. Para essa última parte, utiliza-se como principal referência o livro de Thimoteo Camacho, Cultura dos trabalhadores e crise política: estudo sobre o Centro Popular de Cultura do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André (1999), bem como entrevistas realizadas com seus integrantes. Este trabalho recupera parte da história do teatro brasileiro praticamente toda apagada com o Golpe Civil-Militar de 1964 e retoma a discussão sobre os propósitos políticos do CPC à luz de sua experiência no seio do movimento operário. A partir dessa pesquisa, é possível concluir que as ideias políticas do CPC eram em grande medida expressões da linha política do PCB, de luta pela consolidação de uma cultura popular e proletária em combate à cultura burguesa e, ao mesmo tempo, de aliança com setores da burguesia nacional e em defesa da consolidação de seu regime.

This work proposes a study of the political ideas and motivations of the Popular Center of Culture that is born associated with the National Union of Students (UNE), in view of its experience in the city of Santo André, in which an engaged practice of "proletarian theater" is sought . To this end, we analyze the ideas contained in the Preliminary Draft of CPC's Manifesto, as well as in the book The Question of Popular Culture, both written by Carlos Estevam Martins, still presents the criticism to the line adopted in the Political Resolution of the V Congress of the Brazilian Communist Party (PCB) (1960) and the synthesis of its "anti-imperialist and anti-feudal, national and democratic" struggle program. The work brings the historical and political revision of the criticisms produced in the mid-1980s to the CPC, in particular, that of Marilena Chauí, in Seminars (1983), from the collection The Nacional and the Popular in the Brazilian Culture, in addition to recovering the history of the CPC of the Metalworkers Union of Santo André, in which the CPC project is taken to the last consequences and popular culture it takes the form of proletarian culture, whose political views appear close to the Russian Proletkult. For this last part, the main reference is the book by Thimoteo Camacho, Workers' Culture and Political Crisis: a study on the Popular Center of Culture of the Metalworkers Union of Santo André (1999), as well as interviews with its members. This work recovers part of the history of Brazilian theater that was almost completely erased by the 1964 Civil-Military Coup and resumes the discussion of the CPC's political purposes in the light of its experience within the workers' movement. From this research, it is possible to conclude that the political ideas of the CPC were largely expressions of the political line of the PCB, of the struggle for the consolidation of a popular and proletarian culture in the fight against bourgeois culture and, at the same time, of an alliance with sectors of the national bourgeoisie and in defense of the consolidation of its regime.