A mielopatia cervical espondilótica (MCE) é o resultado da doença degenerativa da coluna cervical caracterizada pelo estreitamento do canal vertebral e consequente compressão da medula espinal. Estudos prévios constataram que grande parte dos pacientes com diagnóstico de MCE apresentam disfunções importantes em algum momento no ciclo da marcha quando comparado à indivíduos saudáveis, no entanto as características da marcha desses indivíduos ainda não estão bem estabelecida na literatura devido a sua variabilidade e ausência de um padrão definido. O objetivo deste estudo foi descrever um protocolo de avaliação cinemática da marcha e identificar as principais alterações da marcha em indivíduos com mielopatia cervical espondilótica (MCE) no período pré-operatório. Foram incluídos 14 pacientes com diagnóstico de mielopatia cervical espondilótica no período pré-operatório. A avaliação incluiu a análise tridimensional da marcha em um laboratório especializado na análise de marcha. O movimento dos pacientes foi capturado por meio de câmeras de emissão infravermelha que identificavam marcadores de rastreamento localizados sobre a pele nas coxas, pernas e pés, para construir o modelo biomecânico. Após adquirir a posição de referência os pacientes foram orientados a deambular em uma velocidade confortável por uma passarela emborrachada. As variáveis cinemáticas obtidas foram analisadas pelo Gait Profile Score e Movement Analysis Profile. A análise estatística foi realizada por meio do software R Core Team (2016) e para analisar os resultados do Gait Profile Score (GPS) e Movement Analysis Profile (MAP) foi utilizado o teste t de student e intervalo de confiança 95%, comparando ambos os lados e, por meio de análise gráfica com valores obtidos de uma amostra de pacientes saudáveis. Quando comparados, os dados cinemáticos de ambos os lados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. A análise gráfica evidenciou alterações na marcha dos pacientes envolvidos no estudo comparados a indivíduos saudáveis. Houve diferença em todos os movimentos estudados, com uma discrepância maior na flexão e extensão de quadril, flexão e extensão de joelho, dorsiflexão e flexão plantar de tornozelo e rotação interna e externa de quadril. Desta forma conseguimos descrever um protocolo de avaliação cinemática da marcha com o uso do GPS e MAP, além de apresentar as diferenças na cinemática da marcha de pacientes portadores de MCE comparados a indivíduos saudáveis.

Cervical spondylotic myelopathy (CSM) results from a degenerative disease of the cervical spine characterized by narrowing of the spinal canal and consequent compression of the spinal cord. Previous studies found that most patients diagnosed with CSM have significant dysfunctions at some point in the gait compared to healthy patients. However, the gait characteristics are not well established in the literature, probably due to their variation and lack of a defined pattern. This study aimed to describe a protocol for kinematic gait assessment and identify the main gait changes in patients with cervical spondylotic myelopathy (CSM) in the preoperative period. Fourteen patients diagnosed with cervical spondylotic myelopathy in the preoperative period were included. The evaluation included a three-dimensional gait analysis in a laboratory specialized in gait analysis. To build the biomechanical model, the patients' movement was captured using infrared emission cameras that identified the tracking markers on the skin on the thighs, legs, and feet. After acquiring a reference position, the patients were instructed to walk comfortably along a rubberized walkway. The kinematic variables were analyzed using the Gait Profile Score and Movement Analysis Profile. Statistical analysis was performed using the R Core Team (2016) software, and to analyze the results of the Gait Profile Score (GPS) and Movement Analysis Profile (MAP) it was used the student t-test and the 95% confidence interval, comparing both sides and, through graphical analysis comparing values from a sample of healthy patients. When compared, the kinematic data from both sides do not present statistically significant differences. The graphical analysis showed changes in the gait of patients involved in the study compared to healthy patients. There was a difference in all of the studied movements, with a more significant discrepancy at the hip flexion and extension, knee flexion and extension, ankle dorsiflexion and plantar flexion, and internal and external rotation of the quadrilateral. Thus, we were able to describe a protocol for gait kinematics assessment using GPS and MAP and present differences in gait kinematics in patients with SCM compared to healthy ones.