Das 181 espécies brasileiras de morcegos (Ordem Chiroptera), 47.2% ocorrem em áreas urbanas. O processo de urbanização pode, potencialmente, implicar em mudanças ecológicas importantes nas comunidades de quirópteros e em sua dinâmica de transmissão intra e interespecífica de patógenos. No entanto, pouco se sabe sobre as influências dos componentes de um ecossistema urbano na ecologia e na estruturação destas comunidades. Há uma extensa abordagem na literatura em comparar ambientes urbanos e rurais, as quais apontam mudanças importantes na biodiversidade. Porém, o ambiente urbano é uma matriz complexa e heterogênea, na qual diferentesfatoresfísico-estruturais ou socioeconômicos podem atuar de maneiras distintas nas dinâmicas ecológicas. Assim, uma escala que contemple melhor tal heterogeneidade e complexidade espacial pode contribuir com o avanço do entendimento das influências da urbanização sobre morcegos. O zoneamento municipal determina o parcelamento, uso e ocupação do solo de uma cidade, tratando-se de uma divisão mais detalhista da própria matriz urbana. O presente estudo utilizou-se do zoneamento municipal como ferramenta para desenvolver um delineamento amostral para um estudo ecoepidemiológico de morcegos na Região Metropolitana de São Paulo. A área de estudo abrange um gradiente de urbanização, envolvendo parte dos municípios de Cotia, Embu das Artes, Taboão da Serra, Osasco e São Paulo. A área de estudo foi estratificada com base nas divisões (zonas) oficiais das leis de zoneamento destes municípios, e adaptada através de análise visual da paisagem, a fim de obter o máximo de relevância biológica possível e para atender as capacidades logísticas do trabalho à campo. A estratificação resultou em seis estratos nos quais foram posicionadas uma área de coleta por estrato. A utilização do zoneamento municipal como ferramenta para um delineamento de estudo ecológico, apesar de ser complementar a outras técnicas de análise de paisagem, pode ser útil para acessar parte da heterogeneidade urbana que divisões gerais de uso do solo (ex: mancha urbana) não fornecem, e assim, comparar comunidades animais entre estratos urbanos e auxiliar na formulação de hipóteses. Além disso, esta ferramenta reforça a conexão entre ecologia e planejamento urbano e pode auxiliar na formulação de ações em Saúde Única, mas necessita de uma abordagem interdisciplinar integrada.

Of the 181 Brazilian bat species (Chiroptera Order), 47,2% occur in urban areas. The urbanization process can potentially imply important ecological changes in bat communities and in their intra and interspecific pathogen transmission dynamics. However, little is known about the influences of urban components on the ecology and structuring of these communities. There is and extensive approach in literature which compares urban and rural environments and point to important changes in biodiversity. However, the urban environment is a complex and heterogeneous matrix, in which different physical-structural or socioeconomic factors can act in different ways on ecological dynamics. Thus, a scale that better contemplates such spatial heterogeneity and complexity can contribute to improve the understanding of urbanization influences on bats. Municipal zoning determines a city ’s land subdivision, use and occupation, acting as a more detailed division of the urban matrix itself. The present study used municipal zoning as a tool to develop a sample design for an eco-epidemiological study of bats in the Metropolitan Region of São Paulo. The study area encompasses an urbanization gradient that involves part of the municipalities of Cotia, Embu das Artes, Taboão da Serra, Osasco e São Paulo. The study area was stratified based on the official divisions (zones) of the available zoning laws of these municipalities, and adapted through a landscape visual analysis, to become as much biological relevant as possible and to meet the logistical capabilities for fieldwork. The stratification resulted in six strata, in which it was positioned one collection area for each stratum. The use of municipal zoning as a tool for designing an ecological study, although being complementary to other landscape analysis techniques, can be useful to access part of the urban heterogeneity that general divisions of land use (eg: urban patch) do not supply. Thus, it can be useful to compare animal communities between urban strata and to aid formulation of hypotheses about urbanization’s influences on these communities. In addition, this tool reinforces the connection between ecology and urban planning, and can help on taking One Health actions, but it needs an integrated interdisciplinary approach.