Objetivo. A raiva canina é endêmica em Recife, apesar de existirem atividades de controle. Por este motivo, realizou-se estudo para identificar fatores relacionados à persistência da raiva - com ênfase na ecologia populacional canina, e avaliar o potencial de diferentes medidas de controle. Métodos. Foram realizados: estudo transversal em amostra de 1296 domicílios em 1996, com pesquisa de anticorpos contra raiva em 320 cães; estudo na campanha de vacinação de 1995; pesquisa de anticorpos em 315 cães capturados pela Prefeitura (1995-1996); estudo descritivo e análise de séries temporais da raiva canina (1987- 1997); e simulações numéricas com modelo matemático determinístico. Resultados. Aproximadamente 80 % das vacinações ocorrem em campanha, onde 23,8 % são primovacinados; 77 % dos cães não vacinados eram filhotes ou não nascidos na última campanha. As coberturas oscilaram entre 60 e 75 % desde 1987 a 1997. Recife teve 522 cães / km2 (204 a 1324) e 9,14 habitantes por cão (8,39 a 11,23). Existiram elevadas fecundidade, natalidade e mortalidade. Apenas 60,7 % dos animais eram totalmente restritos. Títulos de anticorpos, idade e número de vacinações apresentaram correlação positiva. 32 % dos cães com domicílio e 14,5 % dos cães capturados apresentaram títulos = 0,5 Ul/ml. A freqüência relativa de casos de raiva diminuiu nos animais a partir de 4 anos. Em setores pobres os cães tenderam a ser mais jovens e menos restritos, e havia densidades populacionais mais elevadas. Conclusões. A elevada densidade de suscetíveis favorece a persistência da raiva canina. Esta é sazonal em função do crescimento progressivo dos suscetíveis na população, após as campanhas de vacinação, ocasionado pela elevada renovação populacional e perda de imunidade. O incremento na imunização efetiva e a diminuição da idade média à primeira vacinação (atualmente 10 meses), são as medidas com maior potencial de êxito para eliminação da raiva.

Objective. Despite existing control efforts, canine rabies is endemic in Recife. For this reason a study was held to identify the factors related to rabies persistence - stressing on canine populational ecology and the assessment of potential differences of control measures. Methods. Cross-sectional studies were made in 1296 homes in 1996, researching rabies antibodies in 320 dogs; during the 1995 vaccination campaign, as well as in 315 dogs captured by the township (1995-1996); a descriptive study and time series analysis of canine rabies (1987-1997); and also numerical simulation by mathematical deterministic model. Results. Apraximately 80% of vaccinations occured during campaign, 23,8 % being primovaccinated; 77 % of non-vaccinated dogs were puppies or not yet born at the last campaign. The coverages varied between 60 and 75% from 1987 to 1997. Recife had 522 dogs/km2 (204 to 1324) and 9,14 inhabitants per dog (8,39 to 11,23). There were high fertility, birth and mortality rates. Only 60,7% of animais were totaly restricted. Antibody titers, ages and vaccination numbers presented positiva co-relation. 32% of home dogs and 14,5 % of captured ones, presented titers = 0,51U/ml. The relativa rabies frequency decreased in animal ages fram 4 years on. In poor areas, dogs tended to be younger and less restricted and there were higher population densities. Conclusions. The high density of liable dogs enables canine rabies persistence. This is seasonal due to progressiva grawth of liable dogs among the canine population after vaccination campaigns, due to high populational renovation and immunity loss. The increase of effective immunization and decrease in average age at the first vaccination (now 10 months), are measures of greater success towards elimination of rabies.