O sistema renina angiotensina (SRA) corresponde a um complexo sistema hormonal cujo papel fundamental está relacionado com o controle da pressão arterial e homeostasia hidroeletrolítica do organismo [1, 2]. Classicamente, o SRA é entendido como um sistema endócrino cuja substância ativa, angiotensina II (Ang II), é a responsável pela maioria dos efeitos fisiológicos observados. Entre os diversos componentes do SRA, a enzima conversora de angiotensina I (ECA) parece particularmente importante como mediadora e reguladora da produção de Ang II no coração, na medida em que possui um amplo espectro de expressão no endotélio de todos os vasos sanguíneos deste órgão, bem como em miócitos e fibroblastos cardíacos. Essa visão clássica do SRA, onde o sistema seria essencialmente dependente da existência do hormônio circulante para produzir seus efeitos fisiológicos, tem sido profundamente modificada nos últimos anos. Hoje, o SRA é visto de forma mais ampla, onde a multiplicidade de funções do sistema é produto também da ação "parácrina" e "autócrina" da Ang II e de alguns de seus metabólitos produzidos localmente em vários tecidos [3]. A utilização de métodos bioquímicos aliados a técnicas modernas de biologia molecular permitiu evidenciar a existência de muitos componentes do SRA em tecidos periféricos. A detecção de um ou mais mRNAs destes componentes (angiotensinogênio, renina, enzima conversora e receptores de Ang II) em vários tecidos como glândulas adrenais, rins, coração, vasos e cérebro deram suporte à existência de SRA locais [4]

The renin-angiotensin system (RAS) corresponds to a complex hormonal system whose fundamental role is related to the control of blood pressure and hydroelectrolytic homeostasis of the body [1, 2]. Classically, the RAS is understood as an endocrine system whose active substance, angiotensin II (Ang II), is responsible for most of the observed physiological effects. Among the various components of the RAS, the angiotensin-converting enzyme I (ACE) seems to be particularly important as a mediator and regulator of Ang II production in the heart, as it has a broad spectrum of expression in the endothelium of all blood vessels in this organ. , as well as in cardiac myocytes and fibroblasts. This classic view of the RAS, where the system would be essentially dependent on the existence of the circulating hormone to produce its physiological effects, has been profoundly modified in recent years. Today, the RAS is seen more broadly, where the multiplicity of system functions is also a product of the "paracrine" and "autocrine" action of Ang II and some of its metabolites produced locally in various tissues [3]. The use of biochemical methods allied to modern molecular biology techniques made it possible to evidence the existence of many RAS components in peripheral tissues. The detection of one or more mRNAs of these components (angiotensinogen, renin, converting enzyme and Ang II receptors) in various tissues such as adrenal glands, kidneys, heart, vessels and brain supported the existence of local RAS [4]