Neste trabalho pretendemos fazer uma exposição de alguns resultados, certamente provisórios, de um subprograma de um extenso programa de pesquisa e de um estilo, que é um componente do próprio programa, que estamos construindo e desenvolvendo desde o trabalho de mestrado. Ainda que esse programa de pesquisa tenha dado origem a uma série de subprogramas, todos eles apresentam alguns elementos comuns e característicos tanto nos aspectos temático quanto nos metodológicos os quais constituem suas categorias mais abstratas e abrangentes: abordagem de solução de problemas, racionalidade e teoria da decisão. A exposição destes temas gerais, ainda que de maneira superficial, é essencial para a compreensão dos resultados do subprograma sendo considerado aqui e que se refere ao subprograma sobre cooperação e métodos econômicos: contratualismo versus utilitarismo. No que diz respeito ao estilo, este aparece no aspecto formal, na exigência de organizar e enquadrar o tema abordado na forma de um problema, de uma questão, que deverá ser inserido em um sistema de conceitos, proposições hipotéticas, hipóteses auxiliares e técnicas de solução de problemas, o qual deve ser reconstruído racionalmente. Esse processo de reconstrução racional, definido pelo estilo de trabalho, é, no entanto, parte do próprio tema de investigação, na medida em que faz uso de recursos metodológicos que são tomados como temas do próprio programa de pesquisa. Os instrumentos metodológicos essenciais ao enquadramento do assunto tratado pelo subprograma são a metodologia de reconstrução racional construída em torno da metodologia da teoria da ciência( MTC) e da noção de programa de pesquisa.. Com os recursos desses instrumentos montamos um quadro conceituai e metodológico no qual construímos o problema e estudamos a sua solução e a evolução do problema e sua abordagem por meio de uma sequência de teorias. A evolução do problema e sua solução é reconstruída em termos da noção de programa de pesquisa, como uma unidade epistêmica, que se compõe de uma seqüência de teoria e, por aqui, permite organizar vários escolas e autores sob uma mesma ótica geral, com a reconstrução de seus elementos comuns, fazendo-os pertencer ao mesmo programa, e ao mesmo tempo estabelecer as diferenças entre as teorias ou escolas de pensamento pela identificação de suas hipóteses específicas ou técnicas de abordagem de solução de problemas. Com isto é possível identificar em que cada teoria contribui para o desenvolvimento da solução do problema, e, ao mesmo tempo, de que forma as teorias posteriores retomam essas soluções, redefinem os problemas, alteram algumas das hipóteses, e aperfeiçoam a solução no sentido de permitir que se avalie que essa nova teoria represente um progresso tanto teórico quanto, talvez, prático relativamente a anterior.(O desdobramento natural da apresentação desta metodologia é sua aplicação para reconstruir o programa da política como ciência, ou o problema da emergência da cooperação como uma scqüência inicial e depois uma competição entre dois subprogramas que reivindicam lerem a resposta para este problema: contratualismo versus utilitarismo?; O contratualismo responde ao problema da cooperação, que é recolocado como um problema de agregação, da passagem da ação individual auto-interessada para ação coletiva perseguindo o interesse comum por meio do contrato e de sua interpretação como uma tecnologia produzida pela ciência da natureza e da ação humana. A tese ontológica centra destes dois subprogramas é que a única entidade natural existe é o indivíduo considerado como racional, livre, iguais e auto-interessado. E, a questão, central é, neste contexto, como explicar as associações, a família, as aglomerações, o Estado Civil, enfim, a emergência da cooperação. Certamente, aqui terá relevância o tipo de interação que vamos pressupor entre os indivíduos. O Utilitarismo, por sua vez, responde a essas mesmas indagações, de outra forma, menos intervencionistas, ainda que também artificial, pois toda interação entre indivíduos é de um tipo diferente daquele das leis naturais que governam os corpos inanimados e que são consideradas como naturais.}Ainda assim, uma Vez que, essas interações entre os indivíduos não são construídas por um sistema de coordenação externa, que impõe a cooperação de fora para dentro, mas, construídas por um processo lento e longo, de tentativa e erro, como um processo evolucionário, essa cooperação é interpretada como emergente como se fosse um mecanismo automático e espontâneo, tendo como modelos, os mecanismos de equilíbrio que aparecem em várias das áreas da atividade humana, como Hume observa, no comercio interno e no comércio externo e, em atividades básicas como aquele de, como remadores em um barco acabam por imprimir uma direção por meio de um processo de aprendizado de sincronização dos remos. Além desta tese, defendemos ainda uma outra, segundo a qual, este programa pode ser visto como um subprograma do programa do racionalismo em suas versões do racionalismo clássico e neoclássico associadas a duas concepções de ciência. seus respectivos modelos: modelo geométrico e o modelo da dinâmica. Finalmente, uma oura tese consiste em afirmar que esse programa do contratualismo e do utilitarismo é progressivo no sentido da construção sistemática de um sistema formado de dois subsistemas: a economia de mercado e a democracia liberal os quais se encontram ainda hoje recebendo contínuas contribuições no sentido de aumentar sua capacidade e eficiência na solução do problema da cooperação. Certamente, a pesquisa em andamento contempla apenas o desenvolvimento do programa até o final do século XIX sendo que até o final do século XVI11 temos o desenvolvimento do programa contratualista com a seqüência de teorias de Hobbes, Locke, Rousseau e Kant quando então esse programa é substituído pelo programa utilitarista que se inicia com a teoria de Hume sendo seguida por aquelas de Adam Smith, Bentham, Stuart Mill e Sidgwick. Desde então, a natureza do programa utilitarista muda com a proposta, por Pigou, da construção de uma função de bem-estar social. Vale mencionar que no século XIX emerge um programa em competição com o programa da democracia liberal e economia de mercado a partir dos trabalhos de Karl Marx. Pode-se atrever a dizer que, deste então, começou uma competição entre esses dois programas de pesquisas assim como entre os dois sistemas tanto políticos quanto econômicos associados a eles.

This work aims at exposing some results, parlial it is true because it is a developing research, however, with sufficient unity as from formal asfrom a material viewpoints, about a research subprogram ofa wide and very oldprogram that we have been developing since our first graduate studies. We introduce initially lhe general characteristics of the program whose subjects are related do the approach ofsolving problems, rationality and decision or choice theories and its application for reconstrncting what we call the research program about the conceptions of rationality which encompass classical, neoclassical and criticai rationality. It is a program basically about methodological resources, however, its application is conducted under the perspective ofdefending some theses, in the context ofthis work, about the conception of classical rationality. In the unfolding ofour discussion, we propose to rationally reconstruct its research subprogram related to the problem of the classical political theoiy as Science or the problem ofthe emergence of cooperation. This subprogram splits, at the same time, into two others subprogram, according to the responses that they provide to the problem of cooperation, that is, contractualism and utilitarianism. The ralional reconstruction ofthese program and subprograms is pursued by making use of three central methodological resources: the approach ofsolving problems, the methodology of theory of Science and the notion of research program. The research subprogram of contractualism is characterized by affirming that, with Hobbes, the solution ofthe problem of cooperating is the contract. It is a technological resource for operationalizing the principie of aggregation that is required once that the fundamental ontological thesis in this program is that the only entity existing is the individual so we have to explicating as collective entities are possible. The contract is, as technological resource, developed fin order to change from the individual actions, with self-interest, to the collective action, with the common interest, in particular, it is what explains the emergence and the nature of civil state. And, the notion here ofa technology is very important because it means that it is constructedfor a specific purpose, therefore, we can see, simultaneously, associated to it, the idea ofinterventionism. The origins ofthe utilitarianism, on the other hand, at leastfrom Hume and Smith, have a dijferent response. The civil State is resulted ofa evolutionary process which is still artificial, as contractualism is, however, in a different sense, ofno being natural lawsfor inanimate things, but laws that evolve from rules that were selected in a trials and errors process about coordinating interactions among individuais. The artificiality of lhe contratualism cornesfrom thefact that it is build by the man with certain purpose. In this context we defend some theses, one ofthem is that prograrn ofcooperation as constructing a liberal democratic politicalsystem and a market economicalsystem is progressive.