A conservação é uma ciência em constante transformação. O surgimento da biologia da conservação, em resposta à crise de biodiversidade, e da ciência da conservação, como consequência direta do Antropoceno e das necessidades de adaptação a um mundo em transformação, impulsionaram a emergência, a evolução e a consolidação da conservação como ciência. Entretanto, desde a sua concepção, a conservação sempre esteve no palco dos debates, atraindo a atenção de diferentes profissionais em torno de questões pautadas em valores - biocêntrico/ecocêntrico vs antropocêntrico - e propósitos - proteger vs manejar. Como toda ciência em desenvolvimento, diversas barreiras se apresentam como grandes desafios a serem superados, a fim de unificar o movimento conservacionista e aumentar a eficácia das ações de conservação. Suplantar as barreiras requer um esforço em combinar conhecimento científico com habilidades para pesquisa transdisciplinar, participação social e coprodução, aproximando cientistas naturais e sociais, práticos da conservação e tomadores de decisão, na busca por soluções para os problemas reais de conservação. Reconhecer que os problemas de conservação têm raízes históricas, sociais e econômicas pode ser o início de uma transformação em direção à um futuro em que pessoas e natureza podem coexistir de forma sustentável. Esta tese buscou (i) resgatar os principais referenciais teóricos que justificam o surgimento e evolução do movimento conservacionista, destacando sua origem e trajetória, paradigmas, barreiras e oportunidades, e (ii) lançar luz ao futuro da conservação. Ainda, esta tese buscou destacar temas, como ciências sociais aplicadas à conservação, participação social, coprodução e transdisciplinaridade, apresentando e discutindo quatro artigos científicos que estão intimamente ligados às pesquisas em conservação e coexistência humano-fauna desenvolvidos pela autora deste documento

Conservation is a constantly transformation science. The emergence of biological conservation, in response to the biodiversity crisis, and of conservation science, as a direct consequence of the Anthropocene and the needs to adapt to a changing world, boosted the emergence, evolution and consolidation of conservation as a science. However, since its conception, conservation has always been on the stage of debates, attracting the attention of different professionals around issues based on values - biocentric/ecocentric vs anthropocentric - and purposes - protecting vs managing. As with any developing science, several barriers present themselves as great challenges to be overcome to unify the conservation movement and increase the effectiveness of conservation actions. Overcoming barriers require an effort to combine scientific knowledge with skills for transdisciplinary research, social participation and coproduction, bringing together natural and social scientists, conservation practitioners and decision-makers in the search for solutions to real conservation problems. Recognizing that conservation problems have historical, social and economic roots can be the beginning of a transformation towards a future in which people and nature can coexist sustainably. This thesis aimed to (i) rescue the main theoretical references that justify the emergence and evolution of the conservation movement, highlighting its origin and trajectory, paradigms, barriers and opportunities, and (ii) shed light on the future of conservation. Furthermore, this thesis aimed to highlight themes such as social sciences for conservation, social participation, coproduction and transdisciplinarity, presenting and discussing four scientific papers that are closely linked to research on conservation and human-wildlife coexistence carried out by the author of this document