A presente dissertação investiga movimentações de pesquisa em Arte, com o objetivo de revelar campos sensíveis do olhar de um escritor (William J. O'Neill Daunt) por entre a linguagem de seu diário manuscrito (Daunt's Journal). Para tanto, a pesquisa apoia-se em conceitos fenomenológicos que regem a estética de Maurice Merleau- Ponty, bem como em chaves teóricas acerca da filosofia da imagem que regem as reflexões de Georges Didi-Huberman. A pesquisa apresenta-se por uma introdução e segue com os seguintes capítulos: no capítulo 1, criamos um panorama contextual, costurado com as próprias palavras do autor de modo a situar o objeto. No capítulo 2, expomos a base teórica e metodológica que alicerçam nossas reflexões e as movimentações práticas. No capítulo 3, aplicamos as ideias artístico-reflexivas de modo a perseguir resolver o problema da pesquisa. Finalizamos com algum aspecto conclusivo acerca da investigação. O resultado aponta para a inclusão do corpo do pesquisador no composto da pesquisa. O pesquisador da arte, ao investir seu corpo fisiológico e perceptivo, gera movimento artístico em torno da obra estudada (literatura, artes visuais, plásticas etc.). Essa abordagem (chamamos de rasgadura) seria feita por um pesquisador em ação criativa ante o objeto e as reflexões teóricas. Importante ressaltar que as movimentações do pesquisador-artista não têm como objetivo final a apresentação de uma obra de arte2. O que estamos sugerindo é refletirmos sobre uma metodologia de pesquisa em arte que se faz na aplicação de exercícios que acionam campos sensíveis do pesquisador em torno dos conceitos. O objetivo seria ampliar as apreensões e desvelar novas camadas de conhecimento. Ou seja, a rasgadura proposta não tem como função criar visualidades artísticas sobre as reflexões, não há um produto arte para finalizar o percurso da pesquisa. Os exercícios das movimentações criadoras do pesquisador-artista, abririam a possibilidade da aparição de campos outrora invisíveis ao pesquisador da arte tradicional. Concluímos que os exercícios sugeridos entrelaçam o campo sensível do pesquisador ao campo teórico através do corpo reflexivo do pesquisador ao corpo aberto e relacional do objeto pesquisado. Por fim, percebemos ocorrer, na abordagem rasgada desse pesquisador-artista, uma aproximação com a metodologia empregada por mim dentro do departamento de direção de arte, para realizar a produção dos moveis e objetos e a criação da ambientação dos cenários em projetos de filmes de ficção. Uma vez que o processo artístico/criativo dessa atuação é acarpetado de movimento pendular dialético-criador e dialético-reflexivo, que alinha olhares e promove a ambientação do espaço cênico.

The present dissertation investigates research movements in Art, with the aim of revealing sensitive fields of a writer's (William J. O'Neill Daunt) gaze through the language of his handwritten diary (Daunt's Journal). To this end, the research is based on phenomenological concepts that govern Maurice Merleau-Ponty's aesthetics, as well as on theoretical keys concerning the philosophy of the image that govern Georges Didi-Huberman's reflections. The research is presented by an introduction and followed by the following chapters: in chapter 1, a contextual panorama is created, stitched with the author's own words so as to situate the object. In chapter 2, the theoretical and methodological basis that underlies our reflections and practical moves are exposed. In chapter 3, with the application of the artistic-reflexive ideas, we pursue the resolution of the research problem. Conclusively, we end with some final remarks about the research. The result points to the inclusion of the researcher's body in the research compound. The art researcher, by investing his physiological and perceptive body, generates artistic movement around the work being studied (literature, visual arts, painting, etc.). This approach (we call it tearing) would be made by a researcher in a creative action in face of the object and the theoretical reflections. It is important to emphasize that the movements of the researcher-artist do not have as their final purpose the presentation of a piece of art. What we are suggesting is to reflect on a methodology of research in art that is done by exercises that trigger sensitive fields of the researcher around the concepts. The most important aim with that proposition, is expand the apprehensions and unveil new layers of knowledge. That is, the proposed tearing does not have the function of creating artistic visualities on the reflections, there is no art product to finish the experience of the research. The exercises of the creative movements of the researcher-artist would open the possibility of the appearance of fields previously invisible to the traditional and academic art researcher. We conclude that the suggested exercises intertwine the sensitive field of the researcher to the theoretical field through the reflective body of the researcher to the open and relational body of the object researched. Lastly, we perceive the occurrence of this researcher-artist's torn approach to the methodology employed by me within the art direction department, to carry out the production of objects and the set decoration in fiction feature films. Because the artistic/creative process of the set decoration is carpeted with dialectical-creative and dialectical-reflective pendular movement, which aligns looks and promotes the ambiance of the scenic space.