Esta tese tem como objetivo investigar a biografia do livro de fotografia Amazônia, de Claudia Andujar e George Love, lançado no ano de 1978 pela Editora Praxis. Entendemos como biografia os ciclos de vida que formam a trajetória da publicação. Considerando que o presente reabilita o passado, três ciclos são apresentados em uma estrutura não cronológica. Primeiramente, analisamos como o livro tornou-se uma referência internacional nas últimas duas décadas de valorização dos chamados fotolivros. No segundo ciclo de vida, discutimos como ocorreu a produção e distribuição de Amazônia, enfocando o processo de censura sofrido e o contexto editorial de produção de livros de fotografia entre 1968 e 1982 no Brasil, com ênfase nas publicações das editoras Praxis e Raízes Artes Gráficas. No terceiro ciclo de vida, são abordados os antecedentes, ou seja, os espaços onde as primeiras fotografias da Amazônia, feitas por Andujar e Love, foram publicadas e expostas, seja em revistas, audiovisuais ou exposições. A análise de tais ciclos levou à compreensão de que o livro foi construído coletivamente, a partir da contribuição e intervenção de diversos agentes endógenos e exógenos. A pesquisa permitiu também identificar o modo como as imagens serviram a discursos ideológicos distintos no processo de colonização da floresta, promovido sistematicamente pelo governo militar durante a década de 1970. Buscamos identificar como a revista e o audiovisual foram usados como veículos para a defesa da exploração da floresta por empresas nacionais e estrangeiras e, por outro lado, como Amazônia foi uma tentativa de denunciar a devastação da mesma região, embora seu projeto inicial tenha sido desvirtuado pela censura. Para reconstruir essa trajetória, foram feitas entrevistas e também pesquisas em arquivos e na imprensa do período delimitado. Os resultados desta tese contribuem não apenas para a recuperação da biografia de um livro em exponencial valorização, como também nas investigações sobre a história da fotografia dos anos 1970, considerando os atravessamentos dos diversos veículos em que ela circulou, no caso a revista ilustrada, as exposições e os livros. No que se refere ao aspecto político, as análises contribuem para a compreensão de como as pautas ambientais e indígenas eram tratadas no período da ditadura civil-militar brasileira por meio das mídias fotográficas e ainda no desvelamento dos mecanismos de repressão e censura à fotografia.

This thesis aims to investigate the biography of the photography book Amazônia, by Claudia Andujar and George Love, published in 1978 by Editora Praxis. We understand as a biography the life cycles that form the trajectory of the publication. Considering that the present rehabilitates the past, three cycles are presented in a non-chronological structure. Firstly, we analyze how the book has become an international reference in the last two decades of valorization of the so-called photobooks. In the second life cycle, we discuss how the production and distribution of the Amazônia took place, focusing on the process of censorship suffered and the editorial context of the production of photography books between 1968 and 1982 in Brazil, with emphasis on the publications of Editora Praxis and Raízes Artes Gráficas. In the third life cycle, the antecedents are approached, that is, the spaces where the first photographs of the Amazon, made by Andujar and Love, were published and exhibited, whether in magazines, audiovisuals, or exhibitions. The analysis of such cycles led to the understanding that the book was built collectively, from the contribution and intervention of several endogenous and exogenous agents. The research also allowed identifying the way in which the images served different ideological discourses in the process of colonization of the forest, systematically promoted by the military government during the 1970s. We seek to identify how the magazine and the audiovisual were used as ways to defend the exploitation of the forest by national and foreign companies and, on the other hand, how Amazônia was made into an attempt to denounce the devastation of the same region, although its initial project was distorted by censorship. To reconstruct this trajectory, interviews were made and also researches in archives and in the press of the aforementioned period. The results of this thesis contribute not only to the recovery of the biography of a book in exponential valorization but also to investigations into the history of photography in the 1970s, considering the intersections of the various vehicles in which it circulated (in this case, the illustrated magazine, the exhibitions and the books). Regarding the political aspect, the analyses contribute to the understanding of how environmental and indigenous issues were treated in the period of the Brazilian civil-military dictatorship through photographic media and also in the unveiling of the mechanisms of repression and censorship of photography.