As respostas dadas a respeito da crise socioambiental que se agrava a níveis mundiais têm se mostrado insuficientes. A realidade agroexportadora em que o Brasil está inserido dentro da estrutura do sistema agroalimentar, contribui com as condições de degradação ambiental e aprofundamento das desigualdades sociais. A universidade pode contribuir para o enfrentamento dos impactos socioambientais gerados pela concentração de aglomerados empresariais ao longo da cadeia de produção agrícola, estimulando pesquisas participativas que buscam incidir em políticas públicas voltadas para a melhoria das condições existenciais de agricultores familiares, através do fortalecimento dos canais de comercialização locais. Esta pesquisa, que se caracteriza como um estudo de caso, se desenvolveu no município de Itatinga - SP, localizado a 225 km da capital paulista e com uma população de aproximadamente 20 mil habitantes. Seu objetivo foi promover uma intervenção educadora que pudesse contribuir com a aproximação da Estação Experimental de Ciências Florestais (EECFI) da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ/USP) com a população do município, ao mesmo tempo em que investigue a relação entre a agricultura familiar, políticas públicas voltadas para este público e os canais de comercialização locais. Os resultados apontam que a temática da pesquisa e a sua intenção educadora e de cooperação, permitiram a formação de um grupo de trabalho junto à instituição de extensão rural do município, que passou a colaborar ativamente com o planejamento e execução das ações da pesquisa, inspiradas em metodologias participativas e uma visão crítica da sociedade e do sistema agroalimentar. Os demais resultados evidenciam que a agricultura familiar, mesmo com uma atuação difusa, tem um papel relevante na comercialização local, ainda que esteja restrito à poucas famílias, aquelas com maior capacidade de inserção nos mercados. Acredita-se que contribuir com melhorias nas condições de vida e trabalho da agricultura familiar local depende da sua articulação enquanto uma categoria social e a universidade pode ser uma instituição potencializadora dessa construção.

The answers given about the socio-environmental crisis that is worsening at world levels have proved to be insufficient. The agro-export reality in which Brazil is inserted within the structure of the agro-food system, contributes to the conditions of environmental degradation and the deepening of social inequalities. The university can contribute to confronting the socio-environmental impacts generated by the concentration of business clusters along the agricultural production chain, stimulating participatory research aimed at influencing public policies to improve the existential conditions of family farmers, through the strengthening of local food systems. This research, which is characterized as a case study, was developed in the municipality of Itatinga - SP, located 225 km from the capital of São Paulo and with a population of approximately 20 thousand inhabitants. Its objective was to promote an intervention that would contribute to bringing the Forest Sciences Experimental Station (EECFI) of the "Luiz de Queiroz" Higher School of Agriculture (ESALQ/USP) closer to the population of the municipality, at the same time that it could investigate the relationship between family farming, public policies aimed at this public and local marketing channels. The results indicate that the theme of the research and its educational and cooperation intention, allowed the formation of a working group together with the institution of rural extension of the municipality, which started to collaborate actively with the planning and execution of the research actions, inspired in participatory methodologies and a critical view of society and the agro-food system. The other results show that family farming, even with a diffuse performance, has a relevant role in local marketing, even if it is restricted to a few families, those with greater capacity for insertion in markets. It is evident that contributing to improvements in the living and working conditions of local family farming depends on its articulation as a social category and the university can be an institution that enhances this construction.