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Dissertação de Mestrado
DOI
https://doi.org/10.11606/D.91.2017.tde-10082017-082509
Documento
Autor
Nome completo
Natália Salaro Grigol
E-mail
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
Piracicaba, 2017
Orientador
Banca examinadora
Molina, Silvia Maria Guerra (Presidente)
Garavello, Maria Elisa de Paula Eduardo
Silva, Marina Vieira da
 
Título em português
Prátricas alimentares de assentados rurais do Alto Xingu no contexto de mudança no uso da terra
Palavras-chave em português
Autoconsumo
Expansão de cadeias agroindustriais
Práticas alimentares
Segurança alimentar
Resumo em português
Estudos demonstram que a inserção de pequenos produtores e assentados rurais na produção voltada às grandes cadeias agroalimentares globais pode levar a mudanças nas estruturas de produção e consumo de alimentos deles próprios. Como consequência, tem-se constatado maior dependência da renda para obtenção de alimentos, o que impacta a segurança alimentar das famílias rurais em seus três princípios estruturantes: acesso, qualidade e reprodução social e da cultura alimentar. Diante disso, este estudo objetivou caracterizar as práticas alimentares de assentados rurais do Alto Xingu, entender os fatores que influenciam a escolha e obtenção dos alimentos e sua relação com o atual contexto de mudança no uso da terra na região. Para isso, partiu-se de uma abordagem interdisciplinar, utilizando-se a observação participante, entrevistas não estruturadas (Metodologia Geradora de Dados de Posey) e Recordatório 24 horas de consumo alimentar. Os resultados deste estudo indicam que muitas variáveis contribuem para a formação do atual contexto de transformações socioeconômicas: envelhecimento rural e a aposentadoria; o aumento da prestação de serviços fora do lote; a inserção da mulher no mercado de trabalho; as dificuldades de obtenção de investimento, tecnologia e conhecimento; a limitação hídrica; o êxodo rural; a valorização das terras; as possibilidades de arrendamento; e a dificuldade em se diversificar a produção agrícola além da pecuária e do plantio de soja. Essas transformações socioeconômicas se materializam na paisagem, pela mudança no uso da terra, e nas práticas alimentares, pela diminuição da produção para autoconsumo. A manutenção da produção para autoconsumo mostrou ser mais vulnerável no caso de hortaliças (sobretudo verduras), seguida pela criação de gado, produção de leite, cultivo de mandioca, criação de suínos, frango e, então, frutas (culturas perenes). Em termos de cultura alimentar, o perfil de alimentos que compõem a dieta ainda é o mesmo, caracterizado pelo trio arroz, feijão e carne de vaca. Por outro lado, o que vem mudando nas práticas alimentares dos assentados é a forma de obtenção dos alimentos. Como consequência, a maior dependência da compra de alimentos pode impactar a segurança alimentar das famílias e influenciar a manutenção do hábito alimentar no longo prazo. Conclui-se que a mudança na forma como se obtém o alimento já é o reflexo - ao mesmo tempo em que também reflete - um novo modo de vida do assentado rural. Assim, as transformações nos modos de vidas dos assentados podem colocar em risco a sua segurança alimentar - ao mesmo tempo em que a insegurança alimentar pode reforçar as transformações no modo de vida local.
 
Título em inglês
Eating practices of rural settlers in the context of land use change in Upper Xingu
Palavras-chave em inglês
Agri-food chains expansion
Eating practices
Food production for self-consumption
Food security
Resumo em inglês
Researches show that the inclusion of small farmers and rural settlers in large global agri-food chains can lead to changes in food patterns regarding production and consumption. As a result, studies show that there is greater dependency on the income to obtain food, which impacts food security of rural households regarding food access, food quality and maintenance of social reproduction and food culture. Therefore, this study aimed to characterize the eating patterns of Upper Xingu rural settlers, the drivers for food choice and food acquisition and their relation to the land use change in the region. In this regard, an interdisciplinary approach was applied, together with the participant observation, unstructured interviews (Generative Methodology Posey data) and 24-hour dietary recall for food consumption. This research has achieved a number of different results. There are several variables hat compose the current context of socio-economic transformations: rural settlers aging and retirement; non-farm-income generating activities; women inclusion in labor market; the difficulties in accessing investment, technology and knowledge; water limitation; rural exodus; land valuation; the possibility of leasing; and the difficulty to diversify agricultural production besides cattle raising and soybean planting. Those socio-economic transformations are materialized in the landscape, by the land use change, and in the eating practices, by the decrease of food production for self-consumption. The maintenance of food production for self-consumption is more vulnerable for vegetables (especially greens), followed by cattle, milk production, cassava, pork, poultry and fruit (perennial crops). Foods that compose the diet of rural settlers have not changed over years, being characterized by rice, beans and beef. Although, eating practices have changed regarding the forms of getting food. As a result, the greater dependency on buying food can have impact on food security of families and influence the maintenance of future eating habits. Finally, this research concludes that the change in food access is the reflection - while it also reflects - a new way of life among rural settlers. Therefore, changes in the rural settlers' way of life may endanger food security, at the same time that food insecurity may reinforce the changes in the local way of life.
 
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Data de Publicação
2017-08-15
 
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