Bebês de muito baixo peso ao nascer, em sua maioria prematuros, apresentam muitas barreiras para se alimentarem diretamente do seio materno, e precisam então serem alimentados através de uma via alternativa. Sabe-se que a alimentação é um dos maiores influenciadores na colonização microbiana da cavidade oral, e essa colonização e sua preservação no início da vida são cruciais para promoção da saúde humana. Portanto, esta pesquisa teve como objetivo verificar qual o impacto causado pela implementação da dieta oral na colonização microbiana da boca de recém-nascidos com muito baixo peso e observar o estabelecimento deste microbioma durante o primeiro mês de vida destes bebês, internados em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Foram incluídos 23 recém-nascidos acompanhados durante a internação e analisadas suas amostras de saliva coletadas semanalmente, com foco no início da alimentação oral. O DNA foi extraído e a região V3-V4 do gene 16S rRNA foi sequenciada. A análise bioinformática foi realizada nos softwares QIIME2 e R, observando a abundância relativa e as diversidades alfa e beta das amostras. Para a análise estatística também foi utilizado o software R, e os níveis de significância adotados foram de p-valor≤0,05 e q-valor≤0,10. Foi observada uma diminuição significativa na riqueza e diversidade microbiana e aumento da dominância ao longo do tempo (q-valor < 0,05). Além disso, identificou-se que, após a implementação da dieta oral, ocorria uma diminuição da diversidade, em contraste a um aumento da dominância. O microbioma oral é altamente dinâmico durante as primeiras semanas de vida, e a diversidade beta sugere uma ocorrência de sucessão microbiana no início da vida. A introdução da dieta oral não causa mudanças na estrutura da comunidade, mas afeta a abundância, especialmente de Streptococcus. Nossos resultados indicam que a alimentação oral tem um grande papel no estabelecimento do microbioma local no início da vida. Embora o tempo esteja relacionado a mudanças expressivas no perfil microbiano oral, a implementação da dieta oral beneficia gêneros que permanecerão como colonizadores eubiontes ao longo da vida do hospedeiro.

Very low birth weight (VLBW) babies, mostly premature, present many barriers to feeding directly from the mother's breast, and therefore need to be fed through an alternative route. It is known that feeding is one of the major influences on the microbial colonization of the oral cavity, and this colonization and its preservation in early life are crucial for promoting human health. Therefore, this research aimed to verify the impact caused by the implementation of oral diet in the microbial colonization of the mouth of VLBW newborns and to observe the establishment of this microbiome during the first month of life of these babies, admitted to a neonatal intensive care unit. We included 23 newborns followed during hospitalization and analyzed their saliva samples collected weekly, focusing on the onset of oral feeding. DNA was extracted and the V3-V4 region of the 16S rRNA gene was sequenced. Bioinformatics analysis was performed on QIIME2 and R software, analyzing the relative abundance and alpha and beta diversities of the samples. R software was also used for statistical analysis, and the significance levels adopted were p-value 0.05 and q-value 0.10. A significant decrease in microbial richness and diversity and increase in dominance over time was observed (q-value < 0.05). Furthermore, it was identified that after implementation of the oral diet, a decrease in diversity occurred in contrast to an increase in dominance. The oral microbiome is highly dynamic during the first weeks of life, and beta diversity suggests an occurrence of microbial succession in early life. The introduction of oral diet does not cause changes in community structure, but affects its abundance, especially of Streptococcus. Our results indicate that oral feeding plays a large role in establishing the local microbiome in early life. Although time is related to expressive changes in the oral microbial profile, the implementation of oral diet benefits genera that will remain as eubiont colonizers throughout the host's life.