A junta de movimentação tem a finalidade de criar panos de revestimento cerâmico, proporcionado certa liberdade de movimentação para o sistema. Geralmente, as juntas de movimentação são mais largas que as juntas de assentamento e têm a função de aliviar tensões geradas por movimentações da parede ou do próprio revestimento por causa das variações de temperatura ou deformação lenta do concreto da estrutura do revestimento. Quando a área a ser revestida apresenta grandes dimensões, haverá necessidade de juntas de movimentação entre panos cerâmicos.
As juntas de movimentação devem ser previstas e dimensionadas ainda na fase do projeto arquitetônico e do subsistema de revestimento cerâmico. É importante salientar que cada projeto apresenta características únicas e que as medidas apresentadas acima são apenas um indicativo. Casos especiais merecem uma avaliação individual para a definição dos panos cerâmicos. Também é necessário observar as indicações dos fabricantes, seja de placa cerâmica ou argamassa colante, que podem definir o dimensionamento das juntas adequadas para aplicação dos seus produtos.
É desejável que haja coincidência entre as juntas do revestimento e as juntas de movimentação do substrato. É preferível não cortar as peças nestes locais, mas sim planejar uma paginação mais eficiente, de forma a permitir peças inteiras. Em fachadas, sempre que possível, as juntas de movimentação devem coincidir com as posições de encunhamento das alvenarias (juntas horizontais) e ligação alvenaria/ estrutura (juntas verticais).
As indicações para o espaçamento das juntas de movimentação são:
As juntas de movimentação devem ter de 8 a 12 mm de profundidade e entre 8 a 15 mm de largura. A NBR 8214 define as dimensões de largura da junta e altura do selante.
Disposições construtivas das juntas de movimentação executadas com selantes flexíveis.
Dimensão do painel limitado pelas juntas (m) (*) |
Paredes internas |
Paredes externas |
||
Largura da junta - l - (mm) |
Altura do selante - a - (mm) |
Largura da junta - l - (mm) |
Altura do selante - a - (mm) |
|
3,0 |
8 |
8 |
10 |
8 |
4,0 |
10 |
8 |
12 |
8 |
5,0 |
10 |
8 |
15 |
10 |
6,0 |
12 |
8 |
15 |
10 |
7,0 |
12 |
10 |
- |
- |
8,0 |
15 |
10 |
- |
- |
(*) Para dimensões intermediárias, adotar o limite imediatamente superior.
Algumas bibliografias citam valores diferentes dos descritos nesta norma. Segundo
Pirondi (1988), o selante deve ter profundidade igual à metade da largura
da abertura, respeitando-se uma área de aderência mínima
de 8 mm nas laterais, em aberturas iguais ou menores de 16mm.
As juntas de movimentação podem ser previstas antes da execução do revestimento cerâmico, logo após o desempenho, com profundidade até a base ou até 2/3 do emboço ou contrapiso. Para esta tarefa, é necessário seguir os procedimentos: (1) marcar e nivelar a posição das juntas; (2) posicionar a régua gabarito e; (3) cortar o revestimento com o frisador. Podem também ser realizadas com o revestimento já executado, através de cortes com uso de uma serra própria - esmerilhadeira manual com disco de corte refratário ou diamantado - tipo ‘makita’. Essas juntas devem cortar a placa cerâmica, argamassa colante, a argamassa de nivelamento do contrapiso e o emboço da parede, alcançando a face da alvenaria ou do elemento estrutural. Em alguns casos, como já citado, essas juntas podem ser abertas até 2/3 da espessura do emboço, ficando um fundo de argamassa que protegerá contra a eventual entrada de umidade, caso, com o decorrer do tempo, o selante perca sua eficiência.
O preenchimento das juntas de movimentação ocorre em duas etapas:
Deve-se ressaltar que as juntas de movimentação e dessolidarização muitas vezes ocorrem na mesma posição. Esta solução técnica é recomendada, pois proporciona diminuição de custos, além de melhorar o aspecto estético, racionalizando e modulando os panos de revestimento.