Juntas de movimentação

A junta de movimentação tem a finalidade de criar panos de revestimento cerâmico, proporcionado certa liberdade de movimentação para o sistema. Geralmente, as juntas de movimentação são mais largas que as juntas de assentamento e têm a função de aliviar tensões geradas por movimentações da parede ou do próprio revestimento por causa das variações de temperatura ou deformação lenta do concreto da estrutura do revestimento. Quando a área a ser revestida apresenta grandes dimensões, haverá necessidade de juntas de movimentação entre panos cerâmicos.



As juntas de movimentação devem ser previstas e dimensionadas ainda na fase do projeto arquitetônico e do subsistema de revestimento cerâmico. É importante salientar que cada projeto apresenta características únicas e que as medidas apresentadas acima são apenas um indicativo. Casos especiais merecem uma avaliação individual para a definição dos panos cerâmicos. Também é necessário observar as indicações dos fabricantes, seja de placa cerâmica ou argamassa colante, que podem definir o dimensionamento das juntas adequadas para aplicação dos seus produtos.

É desejável que haja coincidência entre as juntas do revestimento e as juntas de movimentação do substrato. É preferível não cortar as peças nestes locais, mas sim planejar uma paginação mais eficiente, de forma a permitir peças inteiras. Em fachadas, sempre que possível, as juntas de movimentação devem coincidir com as posições de encunhamento das alvenarias (juntas horizontais) e ligação alvenaria/ estrutura (juntas verticais).

As indicações para o espaçamento das juntas de movimentação são:

  1. Em interiores, as juntas de movimentação são necessárias para áreas maiores que 32 m2 ou sempre que uma das dimensões for maior que 8 m;
  2. Para paredes exteriores, as juntas de movimentação devem ser executadas quando a área for igual ou maior que 24 m2 ou sempre que uma das dimensões for maior que 6 m;
  3. Em áreas externas- pisos ou paredes - diretamente expostas à insolação e/ou umidade, as juntas são necessárias sempre que a área for igual ou maior que 20 m2 ou sempre que uma das dimensões for maior que 4 m;
  4. Para revestimentos externos de fachadas, são recomendadas juntas horizontais de movimentação espaçadas no máximo a cada 3 metros ou a cada pé-direito, na região de encunhamento da alvenaria, e, ainda, juntas verticais espaçadas no máximo a cada 6 metros.

 

As juntas de movimentação devem ter de 8 a 12 mm de profundidade e entre 8 a 15 mm de largura. A NBR 8214 define as dimensões de largura da junta e altura do selante.

Disposições construtivas das juntas de movimentação executadas com selantes flexíveis.

Dimensão do painel limitado pelas juntas (m) (*)

Paredes internas

Paredes externas

Largura da junta

- l - (mm)

Altura do selante

- a - (mm)

Largura da junta

- l - (mm)

Altura do selante

- a - (mm)

3,0

8

8

10

8

4,0

10

8

12

8

5,0

10

8

15

10

6,0

12

8

15

10

7,0

12

10

-

-

8,0

15

10

-

-

(*) Para dimensões intermediárias, adotar o limite imediatamente superior.

Algumas bibliografias citam valores diferentes dos descritos nesta norma. Segundo Pirondi (1988), o selante deve ter profundidade igual à metade da largura da abertura, respeitando-se uma área de aderência mínima de 8 mm nas laterais, em aberturas iguais ou menores de 16mm.

As juntas de movimentação podem ser previstas antes da execução do revestimento cerâmico, logo após o desempenho, com profundidade até a base ou até 2/3 do emboço ou contrapiso. Para esta tarefa, é necessário seguir os procedimentos: (1) marcar e nivelar a posição das juntas; (2) posicionar a régua gabarito e; (3) cortar o revestimento com o frisador. Podem também ser realizadas com o revestimento já executado, através de cortes com uso de uma serra própria - esmerilhadeira manual com disco de corte refratário ou diamantado - tipo ‘makita’. Essas juntas devem cortar a placa cerâmica, argamassa colante, a argamassa de nivelamento do contrapiso e o emboço da parede, alcançando a face da alvenaria ou do elemento estrutural. Em alguns casos, como já citado, essas juntas podem ser abertas até 2/3 da espessura do emboço, ficando um fundo de argamassa que protegerá contra a eventual entrada de umidade, caso, com o decorrer do tempo, o selante perca sua eficiência.

O preenchimento das juntas de movimentação ocorre em duas etapas:

  1. Enchimento das juntas ou limitados de fundo (A face dos limitadores terá a forma de arco, convexa ou plana, se o limitador for compressível);
  2. Acabamento de silicone, poliuretano ou mástiques elásticos. Esses materiais têm a função direta de vedar a entrada de umidade ou agentes agressivos, além de serem flexíveis, permitindo a livre movimentação das juntas. Os selantes devem aderir apenas às laterais das juntas, e não ao fundo, de forma a facilitar a acomodação das movimentações. A limitação da profundidade é obtida com a aplicação, com alguma pressão, de cordão de espuma de poliuretano, poliestireno expandido.

Deve-se ressaltar que as juntas de movimentação e dessolidarização muitas vezes ocorrem na mesma posição. Esta solução técnica é recomendada, pois proporciona diminuição de custos, além de melhorar o aspecto estético, racionalizando e modulando os panos de revestimento.

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