A integração regional é uma viabilidade histórica e política de consolidação da democracia que objetiva desenvolver e garantir três valores fundamentais, de acordo com o Pensamento Latino-americano para a Integração: autonomia política, desenvolvimento socioeconômico e defesa da natureza. Entretanto, iniciativas latino-americanas de integração regional, baseadas em modelos hegemônicos (institucionalistas e liberais), esbarram na dificuldade de alcançar esse objetivo porque a configuração do sistema-mundo capitalista moderno/colonial naturaliza a desigual distribuição de poder entre Norte e Sul global, entre zona do ser e zona do não ser. O Estado-nação, instituição moderna funcional à colonialidade, é o protagonista dessas iniciativas que privilegiam o âmbito econômico - seja no regionalismo novo e aberto, seja no regionalismo pós-liberal ou pós-hegemônico - e que usualmente excluem os(as) oprimidos(as), sujeitos não-institucionais proibidos de ser, dos espaços de formulação de política regional. Nesta pesquisa interdisciplinar e bibliográfica, interessa-nos investigar as aproximações entre integração regional latino-americana e Educação Popular por uma perspectiva freiriana e de(s)colonial. Objetivamos compreender quais as possíveis contribuições ao debate latino-americano sobre integração regional oferece esta educação, uma vez que ela é ferramenta político-pedagógica para humanização e libertação, e como tais contribuições ampliam o escopo conceitual da integração por meio dos três valores fundamentais de autonomia, desenvolvimento e defesa da natureza. Por isso, tomamos a "Pedagogia do oprimido" de Paulo Freire como fonte de pesquisa, da qual outras fontes de Educação Popular são tributárias, sob o esforço crítico de explorar suas contribuições. A Educação Popular freiriana, entendida como opção de(s)colonial, viabiliza a realização de uma crítica radical aos modelos hegemônicos de integração regional. Ela permite não apenas a emergência de um clima dialógico à construção de um horizonte histórico transmoderno, ancorado no diálogo intercultural, na solidariedade subalterna e na cumplicidade subversiva para dignidade humana e justiça social, como também legitima iniciativas alternativas de integração regional que resistem, re-existem e já existem na diferença colonial e democratizam a democracia por meio da cidadania ativa e da participação popular, mas que são ignoradas pela definição moderna dos modelos hegemônica de integração. A integração regional de caráter popular, democrático e progressista é tecida co-labor-ativamente na articulação entre modelos locais, pela relação local e global na dimensão da totalidade.

Regional integration is a historical viability and a democracy consolidation policy that aims to develop and guarantee three fundamental values, according to the Latin American Integration Thought: political autonomy, socioeconomic development and defense of nature. However, Latin American initiatives of regional integration, based on hegemonic models (institutionalist and liberal), face difficulties in reaching this goal because the configuration of the modern/colonial capitalist world-system naturalizes the unequal distribution of power between the global North and South, between the zone of being and the zone of non-being. The nation-state, a modern institution functional to coloniality, is the progonist of these initiatives that privileges the economic sphere - whether it's in new and open regionalism, or in post-liberal or post-hegemonic regionalism - and that usually excludes the oppressed men and women, non-institutional subjects forbidden to be, from the spaces of regional policy formulation. In this interdisciplinary and bibliographic research, we are interested in investigating the approximations between Latin American regional integration and Popular Education from a Freirian and de(s)colonial perspective. We aim to understand what possible contributions to the Latin American debate on regional integration this education offers, since it is a political-pedagogical tool for humanization and liberation, and how such contributions broaden the conceptual scope of integration through the three fundamental values of autonomy, development, and defense of nature. Therefore, we take the "Pedagogy of the Oppressed" by Paulo Freire as a research source, from which other sources of Popular Education are tributaries, under the critical effort to explore its contributions. Freirian Popular Education, understood as a de(s)colonial option, enables the realization of a radical critique of hegemonic models of regional integration. It allows not only the emergence of a dialogical atmosphere for the construction of a transmodern historical horizon, anchored in intercultural dialogue, subaltern solidarity, and subversive complicity for human dignity and social justice, but also legitimizes alternative initiatives of regional integration that resist, re-exist and already exist in the colonial difference and democratize democracy through active citizenship and popular participation, but that are ignored by the modern definition of hegemonic models of integration. A regional integration of a popular, democratic and progressive nature is co-labor-actively woven in the articulation between local models, by the local and global relationship in the dimension of totality.