Introdução: O treino cognitivo em grupo e o treino multicomponente são estratégias de baixo custo que ainda não foram testadas em conjunto em populações sem comprometimento cognitivo. Ademais, ainda não foram testadas quanto ao efeito em biomarcadores no sangue para a doença de Alzheimer, sendo necessária uma abordagem mais completa nesse sentido. Objetivo: Avaliar o efeito do treinamento cognitivo aliado ao exercício físico no desempenho cognitivo e nos biomarcadores sanguíneos ADAM10, BACE1 e BDNF de pessoas com 50 a 80 anos, em associação a variantes genéticas da APOE e do BDNF. Método: Os participantes foram randomizados em quatro braços de intervenção: grupo treino cognitivo e exercício físico, grupo treino cognitivo, grupo exercício físico e grupo controle. Avaliações cognitivas, de sintomas depressivos e ansiosos, suporte social, qualidade de vida, capacidades físicas e coleta de sangue foram realizadas antes e depois de 12 semanas. O treino cognitivo teve duração de 12 semanas, e foi realizado uma vez por semana por 90 minutos. O treino de exercício físico foi realizado duas vezes na semana, cada sessão tinha duração de 90 minutos e também teve duração de 12 semanas. Os biomarcadores ADAM10, BACE1 e BDNF foram analisados por kit ELISA, e os polimorfismos foram genotipados por meio de PCR em tempo real. Para analisar estatisticamente o efeito dos treinamentos nas variáveis cognitivas e biopsicossociais foi utilizado Modelos Aditivos Generalizados para Posição, Escala e Forma, pelo método de intenção de tratar. O efeito dos treinamentos nos níveis plasmáticos dos biomarcadores foi analisado por regressão linear múltipla, apenas com os participantes que realizaram ambas as avaliações. Resultados: Analisamos 113 participantes na primeira análise e 90 participantes na segunda. Os grupos apresentaram média de idade que variou entre 62.9 e 65.9 anos, maioria do sexo feminino, com média de escolaridade entre 10.8 e 13.5 anos de estudo. Os participantes do grupo de treino cognitivo apresentaram aumento na cognição global (AR: 7.49, IC95%: 1.03, 54.07, p< 0.05). Houve aumento no domínio físico da qualidade de vida no grupo treinamento cognitivo e exercício físico (AR: 1.70, IC95%: 1.03, 2.80, p< 0.05) e no grupo exercício físico (AR: 2.19, IC95%: 1.35, 3.57, p< 0.05). Os participantes nos três braços de intervenção mostraram um aumento no domínio mental da qualidade de vida, quando comparados ao grupo controle. Não foi encontrado efeito grupo-tempo para as demais variáveis analisadas. Houve interação grupo-tempo para os níveis plasmáticos de ADAM10, com apenas o grupo treino cognitivo apresentando mudança ( = -2.99, IC95%: -5.43, -3.48, p= 0.016), efeito do tempo nos níveis plasmáticos de BACE1 em todos os grupos (= 4.37, IC95%: 1.31, 7.05, p= 0.005), e nenhuma mudança nos níveis de BDNF foi encontrada. O polimorfismo da APOE mostrou efeito nos valores do Teste da Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey-cópia, e para o polimorfismo do BDNF não foram encontradas associações. Conclusões: Adultos e idosos que se envolvem em uma intervenção (treino cognitivo, exercício físico ou treino cognitivo e exercício físico combinados) para prevenir demência podem melhorar a qualidade de vida. Adultos e idosos que se envolvem em treino cognitivo com duração de 12 semanas, podem melhorar a cognição global. O treino cognitivo teve efeito nos níveis plasmáticos de ADAM10 nessa amostra.

Introduction: Group cognitive training and multicomponent training are low-cost strategies that have not yet been tested together in populations without cognitive impairment. Furthermore, they have not yet been tested for their effect on blood biomarkers for Alzheimer's disease, and a more complete approach is needed in this regard. Objective: To evaluate the effect of cognitive training combined with physical exercise on cognitive performance and blood biomarkers ADAM10, BACE1 and BDNF in people aged 50 to 80 years, in association with genetic variants of APOE and BDNF. Method: Participants were randomized into four intervention arms: cognitive training and exercise group, cognitive training group, physical exercise group and control group. Assessments of cognitive functions, depressive and anxiety symptoms, social support, quality of life, physical capacities and blood collection were performed before and after 12 weeks. Cognitive training lasted 12 weeks, and was performed once a week for 90 minutes. Physical exercise training was performed twice a week, each session lasted 90 minutes and also lasted 12 weeks. ADAM10, BACE1 and BDNF biomarkers were analyzed by an ELISA kit, and polymorphisms were genotyped using real-time PCR. To statistically analyze the effect of training on cognitive and biopsychosocial variables, Generalized Additive Models for Position, Scale and Shape were used, using the intention-to-treat method. The effect of training on plasma levels of biomarkers was analyzed by multiple linear regression, only with participants who performed both assessments. Results: We analyzed 113 participants in the first analysis and 90 participants in the second. The groups had a mean age that ranged between 62.9 and 65.9 years, mostly female, with a mean of schooling between 10.8 and 13.5 years of study. Participants in the cognitive training group showed an increase in global cognition (AR: 7.49, 95%CI: 1.03, 54.07, p< 0.05). There was an increase in the physical domain of quality of life in the cognitive training and physical exercise group (AR: 1.70, 95%CI: 1.03, 2.80, p< 0.05) and in the physical exercise group (AR: 2.19, 95%CI: 1.35, 3.57, p < 0.05). Participants in the three intervention arms showed an increase in the mental domain of quality of life when compared to the control group. No group-time effect was found for the other analyzed variables. There was a group-time interaction for plasma levels of ADAM10, showing a change in the cognitive training group ( = -2.99, 95%CI: -5.43, -3.48, p= 0.016), effect of time on plasma levels of BACE1 in all groups (= 4.37, 95%CI: 1.31, 7.05, p=0.005), and no change in BDNF levels was found. The APOE polymorphism showed an effect on the values of the Rey Auditory Verbal Learning Test-copy, and no associations were found for the BDNF polymorphism. Conclusions: Adults and older adults who engage in an intervention to prevent dementia (cognitive training, physical exercise and the combination of both) can improve quality of life. Adults and older adults who engage in a cognitive training of 12 weeks can improve their global cognition. Cognitive training had an effect on plasma levels of ADAM10 in this sample.