O crescimento das descobertas científicas e avanços tecnológicos provocou uma série de mudanças na sociedade e estas por sua vez refletiram na escola. No que se refere à educação científica, a mudança recaiu na necessidade de desenvolver um ensino que levasse em consideração não somente os aspectos conceituais como também, os aspectos relacionados aos processos de investigação, de como fazer ciências e da construção do conhecimento. Baseados em pressupostos teóricos consideramos que o ensino de ciências por investigação pode ser uma abordagem capaz de proporcionar aos estudantes, além da aprendizagem dos conceitos, uma maior interação com os aspectos do fazer científico e com as práticas envolvidas na construção do conhecimento científico, também denominadas de práticas epistêmicas. Entendemos que é importante que o desenvolvimento de atividades segundo a abordagem do ensino de ciências por investigação, assim como o envolvimento em práticas epistêmicas podem estar presentes na etapa da educação infantil, uma vez que esta é a primeira etapa da educação básica e, portanto, também suscetível às mudanças sociais que afetam a escola. Além disso, pressupomos que estes podem contribuir com uma aproximação entre os conhecimentos científicos e as crianças pequenas, possibilitando que a ciência tome parte do seu cotidiano, favorecendo que conheçam melhor o mundo em que estão inseridas e reconhecendo-as como agentes ativos da sociedade. Dessa forma esta pesquisa tem como objetivo analisar como as crianças pequenas se envolvem com práticas epistêmicas na Educação Infantil e como tais práticas se caracterizam enquanto elas desenvolvem atividades de investigação científica. Para alcançar nosso objetivo de pesquisa, elaboramos uma sequência de ensino investigativa (SEI) que tem como tema o Movimento das Minhocas e a desenvolvemos em uma turma com crianças de 5 anos da educação infantil em uma escola da rede municipal da cidade de São Paulo. Os dados provenientes das interações e produções das crianças enquanto desenvolviam as atividades, foram registrados por meio de videogravações, transcritos e organizados em unidades de análises e por fim categorizados. Nossos resultados indicam que as atividades da SEI, elaboradas com a intencionalidade de possibilitar às crianças o envolvimento em práticas epistêmicas, contribuiu de forma significativa para que elas mobilizassem tais práticas para responder à pergunta investigativa. Percebemos também que tais práticas se caracterizavam por meio das interações discursivas e produções das crianças e para isso destacamos o papel da professora que conduzia a investigação, ora fazendo perguntas ora avaliando e legitimando as falas e produções das crianças fazendo com que elas se sentissem participantes dos processos investigativos e da construção do conhecimento científico.

The technology advances and the scientific discoveries have provoked a series of changes in the society. Those, in turn, have reflected on schools. Concerning, science education the changes have fallen upon the need to develop a teaching that took into account not only the conceptual aspects, but also the aspects related to the inquiry processes, how to do science and the construction of knowledge. Based on the theoretical assumptions, we consider that inquiry-based science learning might be an approach capable of providing the students with, besides concept learning, a broader interaction with the aspects of doing science and with the practices involved in the scientific knowledge construction also known as epistemic practices. We understand it is important that both the activities development according to the inquiry-based science learning and the engagement in epistemic practices can be present in the kindergarten phase; once this is the first basic education stage and, therefore, also vulnerable to social changes which affect school. Moreover, we assume that latter ones may contribute to an approach between the scientific knowledge and young children; making possible for them to make science part of their routine; helping them to know better the world where they belong to and acknowledging them as society active agents. Thus, this research aims to analyze how the young children get involved with the epistemic practices in the kindergarten and how these practices are characterized while they develop inquiry-based scientific activities. To accomplish our goal, we have designed an inquiry-based teaching sequence (IBTS) that has the Worms Movements as a theme, and have developed in kindergarten classrooms, which assisted 5-year-old children. The institution is a public school set in São Paulo. The data generated by the childrens interactions and productions, while they develop the activities, were recorded through videotaping and transcriptions; besides, they were organized in analysis units and, eventually, categorized. Our findings indicate that the IBTS activities, designed with the intention of facilitating childrens involvement in epistemic practices, has made possible for them to mobilize these practices in order to respond to the inquiry question in a very meaningful way. We have also noticed that those practices are characterized through the discourse interactions and also by the childrens production; for that, we emphasize the teachers role, who led the investigation; either making questions or evaluating and legitimating the childrens speeches and productions. This made them feel as participants in the inquiry processes and active in the scientific knowledge construction.