A presente dissertação procura analisar as experimentações do livro O Quinze ([1930]2018), da escritora modernista Rachel de Queiroz, em relação à tradição dos romances das secas publicados entre o final do século XIX e início do XX. Para compreendermos a importância de Queiroz ([1930]2018), no contexto da tradição dos romances das estiagens, analisamos também as obras A Fome ([1890]2011), de Rodolfo Teófilo, A Normalista ([1893]1994), de Adolfo Caminha, Luzia-Homem ([1903]1984), de Domingos Olímpio, e A Bagaceira ([1928]1988), de José Américo de Almeida. Para realizarmos os objetivos desta dissertação, dividimos o trabalho em três capítulos. Na "Introdução", apresentaremos o tema e os objetivos da presente pesquisa, bem como os pontos que serão abordados ao longo deste estudo. No segundo capítulo, intitulado "Os sujeitos da pobreza: do apagamento à inserção, do primeiro ciclo das secas ao romance de 30", analisamos obras de temática das secas anteriores a O Quinze ([1930]2018), ou seja, A Fome ([1890]2011), A Normalista ([1893]1994), Luzia-Homem ([1903]1984) e A Bagaceira ([1928]1988), com a finalidade de entendermos como são construídas, tanto do ponto de vista formal quanto do conteúdo, as consequências das estiagens nessas narrativas. No terceiro capítulo, "O Quinze, de Rachel de Queiroz: uma narrativa de experimentação em um Brasil arcaico", a partir do entendimento do primeiro ciclo das narrativas das secas, analisamos O Quinze ([1930] 2018) com o objetivo de depreendermos as suspensões explicitadas por esse romance em comparação com as ficções selecionadas nesta dissertação. Por fim, concluímos que o romance inaugural da jovem escritora modernista promove experimentações na tradição dos romances das estiagens, visto que rompe com o apagamento da camada pobre no plano da intriga, isenta suas personagens do caráter exuberante, elimina o descompasso linguístico e hierarquizante entre o falar "rústico" das personagens e a linguagem formal do narrador, denuncia de forma mais aguda a injusta estrutura de classes e traz luz à manutenção planejada de aspectos arcaicos em um Brasil de anseios modernos.

This thesis analyzes the experimentations of the book O Quinze ([1930]2018), by the modernist writer Rachel de Queiroz, in relation to the tradition of drought novels, published between the late nineteenth and early twentieth centuries. To understand the importance of Queiroz ([1930]2018), in the context of the tradition of drought novels, we also analyzed the works A Fome ([1890]2011), by Rodolfo Teófilo, A Normalista ([1893]1994), by Adolfo Caminha, Luzia-Homem ([1903]1984), by Domingos Olímpio, and A Bagaceira ([1928]1988), by José Américo de Almeida. To accomplish the objectives of this thesis, we divided the work into three chapters. In the Introduction, we will present the theme and objectives of this research, as well as the points that will be addressed throughout this study. In the second chapter, entitled "Os sujeitos da pobreza: do apagamento à inserção, do primeiro ciclo das secas ao romance de 30", we analyzed works with the theme of droughts prior to O Quinze ([1930]2018), that is, A Fome ([1890]2011), A Normalista ([1893]1994), Luzia-Homem ([1903]1984) and A Bagaceira ([1928]1988), in order to understand how the consequences of droughts in these narratives are constructed, both from the formal and from the content point of view. In the third chapter, "O Quinze, de Rachel de Queiroz: uma narrativa de experimentação em um Brasil arcaico", based on the understanding of the first cycle of drought narratives, we analyzed O Quinze ([1930] 2018) in order to understand the suspensions made explicit by this novel in comparison with the fictions selected in this thesis. Finally, we conclude that the inaugural novel of the young modernist writer promotes experimentations in the tradition of drought novels, since it breaks with the erasure of the low-class characters on the novel's plot, exempts them from the exuberant nature, eliminates the linguistic and hierarchical mismatch between the "rustic" speech of the characters and the formal language of the narrator, denounces more acutely the unfair class structure and brings light to the planned maintenance of archaic aspects in a Brazil of modern yearnings.