Propomos neste trabalho realizar uma análise do romance O braço direito, de Otto Lara Resende, tomando por base uma imagem recorrente na narrativa, a clausura, cuja força pode ser auferida na leitura pelo que constitui de elemento ordenador da estrutura do livro e principalmente do personagem narrador. O primeiro capítulo retoma o histórico da escritura do romance. Otto foi um autor que continuava a trabalhar o texto mesmo depois de publicado. O braço direito foi editado em 1963, relançado por duas vezes sem qualquer alteração, e reeditado em 1993 inteiramente reescrito. A relação do narrador com a escritura, que ganha forma num gênero literário subjacente à narrativa, o diário íntimo, é analisada no segundo capítulo. Tal relação incorpora em seu desenvolvimento marcas de uma opressão que perfazem o cotidiano do narrador e se traduzem no que escreve, como procuramos mostrar, pela manutenção dessa opressão, ao mesmo tempo em que escrever proporciona um espaço de reflexão. Depois de estudada essa relação, passamos no terceiro capítulo a outras formas de convivência, nas quais se observa a dimensão violenta e psicologicamente devastadora do meio social representado no livro, estando o narrador submetido a autoridades de toda ordem. No quarto e último capítulo abordamos o seu ambiente familiar, o impacto desse ambiente numa consciência que se constrói no centro de duas perspectivas conflitantes, e por conseguinte, de elementos que suscitam nela um embate intenso dos instintos, sobretudo os sexuais, com a auto-imposição de obedecer a um ideário conservador.

We propose in this paper to develop an analysis of the novel O braço direito, Otto Lara Resende, being based on a recurring image along the narrative, the cloister, whose strength can be understood in the reading by what it constitutes as an organizing element of the book structure especially the narrator character. The first chapter discusses the historical writing of the novel. Otto was an author who continued to work even after the text was published. O braço direito was published in 1963, reissued twice without any change, and reissued in 1993 entirely rewritten. The relationship between the narrator and the writing, which is shapped by a literary genre that underlies the narrative, the diary, is analyzed in the second chapter. Such relationship incorporates in its development some signs of oppression that make up the daily life of the narrator and are translated into his writing, as we intend to show, by maintaining such oppression, whereas writing that provides a space for reflection. After studying this relationship, we observe, in the third chapter, other ways of experiences, such as the violent side and psychologically devastating social environment depicted in the book, being the narrator submitted to authorities of all kinds. In the fourth and final chapter we discuss his family environment, its the impact on a consciousness that is built in the center of two conflicting perspectives, and therefore of elements that arouse in it a clash of strong instincts, especially sexual ones, with the self-imposition of obeying to a conservative ideology.