Este estudo busca evidenciar a natureza utópica de A Rosa do Povo, explorando algumas das tensões que envolvem o processo de constituição do sujeito lírico, dentre as quais destaco: a problemática da projeção do sujeito para o espaço público da rua, em poemas que se tornam longos para dar lugar às diferentes vozes da coletividade, face ao resguardo de certa autonomia descompromissada do eu poético; as relações entre lírica e sociedade, diante das exigências político-sociais da década de 1940. Essas tensões são lidas sob o enfoque do conceito da utopia, que possibilita verificar, em cada poema analisado, uma mensagem poética específica, a um só tempo crítica e esperançosa. Ainda que cada composição seja lida como fragmento autônomo, os poemas também se articulam no conjunto da obra, simbolizada pela rosa. A interpretação dessa imagem, que se repete ao longo do livro e condensa a sua multiplicidade temática, permite ao leitor uma visão do todo. Procuramos demonstrar como esse processo de construção poética acaba por evidenciar também o uso simbólico de operações alquímicas, de modo que se possa compreender a obra como uma espécie de utopia alquimista, inserida que está num processo ininterrupto de materialização e desconstrução do canto, a refletir a concepção drummondiana acerca da precariedade do poético.

The purpose of this research is to show the utopic nature of A Rosa do Povo, exploring some of the tensions that involve the development process of the liric subject in which among others I would highlight: the projection of the public space in poems that last long to make possible a multiplicity of voices of colective, in face of the uncompromissed autonomy of the poetic subject; the acqward relationship between liric and society, in face of the social politcs needs of the 1940 forties. These tensions are understood, over the concept of the utopic society, that allows us to verify, in each of the researched poem, a specific poetic message, at the same time critic and full of hope. Even understood as an autonom fragment, each one of the poem gather in the whole of the book, represented by the "rose". This image interpretation, that come over all long the book, condense the tematic multiplicity and allows the reader a sight of the whole of the book. We seek to demonstrate how this process of poetic construction ends up also highlighting the symbolic use of alchemical operations so that we can understand the work as a kind of 'alchemist utopia', part of an uninterrupted process of materialization and deconstruction of the poem, that reflects the drummondianas conception of the precariousness of the poetic.