Mémoire de Maîtrise
DOI
https://doi.org/10.11606/D.8.2017.tde-13032017-115602
Document
Auteur
Nom complet
Mariana de Toledo Delfini
Adresse Mail
Unité de l'USP
Domain de Connaissance
Date de Soutenance
Editeur
São Paulo, 2016
Directeur
Jury
Hossne, Andrea Saad (Président)
Campos, Laura Barbosa
Passos, Cleusa Rios Pinheiro
Titre en portugais
O narrador de "Um romance russo", de Emmanuel Carrère, e a promessa da autobiografia
Mots-clés en portugais
Autobiografia
Autoficção
Literatura contemporânea
Literatura francesa
Teoria literária
Resumé en portugais
Em um contexto literário contemporâneo atravessado pela escrita de si, este trabalho buscou estudar a obra Um romance russo, de Emmanuel Carrère, à luz das propostas da autobiografia e da autoficção, esta última uma expressão que convoca diferentes definições e justificativas. Para isso debruçou-se sobre a construção do narrador-protagonista, que declara ter como objetivo contar a história de seu avô para romper o silêncio em torno dela, imposto por sua mãe, e, assim, enterrar o fantasma desse homem que continuaria assombrando seus descendentes com sua personalidade amarga. Observamos que o narrador, identificado ao autor, faz uso da metonímia em diferentes instâncias da obra: alinhava narrativas menores que remetem ao mesmo tema, apresenta personagens femininas que remetem à figura materna e o próprio protagonista se constrói em espelhamento com o personagem do avô. Tal recurso, somado a duas narrativas que se entrelaçam, organizando o texto de Um romance russo, age como argumentação em favor de seu objetivo, justificando a necessidade de romper com a proibição da mãe e publicar este livro. Pela responsabilidade implicada na reabilitação da figura do avô, seguindo os moldes do que o crítico Dominique Viart propõe para o récit de filiation, e pela performatividade que objetiva, além das referências sem ambiguidade em seu texto, Carrère estabelece um pacto autobiográfico, como estudado por Philippe Lejeune, que é essencial para a leitura de Um romance russo. Acreditamos que, embora o gênero moderno da autobiografia não se aplique nem a esta, nem a obras anteriores do mesmo autor, um autobiográfico percorre todas elas, recusando as possibilidades de pacto romanesco com que joga a autoficção; ainda, identificam-se em sua produção elementos como o uso comentado da psicanálise, incursões ficcionais demarcadas no texto, estruturas fragmentárias e hibridismo de formas que situam Carrère no debate contemporâneo.
Titre en anglais
The narrator of My Life as a Russian Novel, by Emmanuel Carrère, and the promise of autobiography
Mots-clés en anglais
Autobiography
Autofiction
Contemporary literature
French literature
Literary theory
Resumé en anglais
In a contemporary literary context shot through with the notion of writing oneself, this thesis seeks to study the work My Life as a Russian Novel, by Emmanuel Carrère, in light of the proposals put forth by both autobiography and autofiction, the latter evoking a variety of definitions and justifications. As such, the work examines the construction of the narrator/protagonist, who states that his aim is to tell the story of his grandfather in order to break the silence around it imposed by his mother and thus put to rest the ghost of a bitter man left haunting his descendants. We observe that the narrator, identified with the author, turns to metonymy at several points in the work: he lines up several minor narratives that speak to the same theme and presents female characters that evoke his mother, while the protagonist constructs himself as a mirror image of the character of his grandfather. This tack, alongside the two interlocking narratives that structure My Life as a Russian Novel, serves as ammunition towards his ultimate goal: justifying the need to break his mothers ban and publish this book. In terms of the responsibility implied in the rehabilitation of the figure of his grandfather in keeping with the structure that critic Dominique Viart proposes for the récit de filiation and in terms of the performativity he crafts, in addition to the unambiguous references in his text, Carrère establishes an autobiographical pact, as studied by Philippe Lejeune, which is essential for the reading of My Life as a Russian Novel. We believe that, although the autobiography as a modern genre does not apply to this or other works by the author, a thread of autobiography runs through all of them, rejecting the openings towards a novelesque pact that autofiction plays with; moreover, one may identify such elements in his oeuvre as the commented usage of psychoanalysis, fictional incursions clearly demarcated in the text, fragmentary structures, and a hybridity of form that situate Carrère within the contemporary debate on the topic.
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Date de Publication
2017-03-13
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