A dissertação aborda a gênese dos diários de Maria Isabel Silveira (1880-1965), autora de Isabel quis Valdomiro (1962), casada com o escritor e político Valdomiro Silveira (1873-1941), cujo acervo pessoal foi doado ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), em 2006. Em meio aos documentos do arquivo, atualmente sob a guarda da instituição, destaca-se o conjunto de 62 cadernos que pertenceram a Maria Isabel, entre os quais 44 volumes (1925-1965) que acolheram a sua escrita diarística, como registro do cotidiano de sua família, especialmente de seus filhos e, posteriormente, de seu dia a dia, considerando suas leituras literárias. O trabalho focaliza os diários, colocando em pauta a questão da escrita feminina e o memorialismo de mulheres. Maria Isabel Silveira, com rigor e disciplina, escreveu sobre si e, consequentemente, sobre sua época. A transcrição fidedigna e a análise do primeiro diário, correspondente a 1925, iluminam a posição social, a ideologia dominante e os papeis esperados de uma mulher de sua classe social - a burguesia que emerge na virada do século XIX para o XX, em cidades como São Paulo e Santos, marcadas pela crescente urbanização e pelos novos hábitos de consumo.

The dissertation addresses the genesis of the diaries of Maria Isabel Silveira (1880-1965), author of Isabel quis Valdomiro (1962), married to the writer and politician Valdomiro Silveira (1873-1941), whose personal collection was donated to the Instituto de Estudos Brasileiros at Universidade de São Paulo (IEB-USP), in 2006. Among the documents in the archive, currently kept in that institution, is a set of 62 notebooks that belonged to Maria Isabel, including 44 volumes (1925-1965) that contain her diary writing, as a record of her family's daily life, especially of her children and, later, of her daily life, considering her literary readings. The work focuses on diaries, putting in focus the issue of female writing and women's memorialism. Maria Isabel Silveira, with rigor and discipline, wrote about herself and, consequently, about her time. The word-for-word transcription and analysis of the first diary, corresponding to 1925, illuminate the social position, the dominant ideology, and the roles expected of a woman of her social class - the bourgeoisie that emerges at the turn of the 19th to the 20th century, in cities such as São Paulo and Santos, marked by growing urbanization and new consumption habits.