O presente trabalho se propõe analisar o romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto, a partir da hipótese nuclear de que as personagens Augusto Machado e Gonzaga de Sá, virtualmente biógrafo e biografado, figuram divergências de perspectivas históricas perante a vida. O romance traz de pano de fundo um contexto em que a recém instaurada Primeira República, em busca da modernização de seu espaço citadino, empreende uma reforma urbana violenta, que, por sua vez, demonstra-se incapaz de incorporar o povo à sua conjunção. A obra, publicada em 1919, traz como narrador Augusto Machado, um jovem funcionário público que, após a morte de Gonzaga de Sá, decide escrever o que seria sua biografia. Sob o preceito da biografia paródica, Lima Barreto, utilizando-se em grande medida das discussões historiográficas elucidadas por Nietzsche em seu pequeno ensaio sobre a utilidade da história para a vida, contrapõe duas perspectivas históricas divergentes nas personagens principais

The present work aims to analyze the novel Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, by Lima Barreto, based on the nuclear hypothesis that the characters Augusto Machado and Gonzaga de Sá, virtually biographer and biographee, figure divergences of historical perspectives in the face of life. The novel brings as background a context in which the recently established First Republic, in search of modernization of its city space, undertakes a violent urban reform, which, in turn, proves unable to incorporate the people to its conjunction. The work, published in 1919, brings as narrator Augusto Machado, a young civil servant who, after the death of Gonzaga de Sá, decides to write what would be his biography. Under the precept of parodic biography, Lima Barreto, using to a great extent the historiographical discussions elucidated by Nietzsche in his short essay about the usefulness of history for life, contrasts two divergent historical perspectives in the main characters