A literatura nasce sob a perspectiva da cultura em geral. Analisar a ideia de cultura em um dado momento histórico é uma tarefa complexa. Entretanto, considerar a produção literária de uma época é um dos artifícios para identificar as principais características econômicas, sociais, filosóficas ou estéticas de um determinado momento histórico. Nessa perspectiva, o jornalismo cultural e literário se constitui, sem dúvida, como um meio de disseminação e difusão da literatura (e das artes em geral) e como um decodificador para o público de tais mensagens econômicas, sociais, filosóficas ou estéticas contidas na produção literária. Não por acaso, a cultura em si deve ser entendida, apreendida, descrita e representada - isto é, ela deve integrar os fatos sociais. A partir dessa perspectiva, como articula Ballerini (2015), a principal função do jornalismo cultural não é apenas disseminar determinadas obras, mas de revelar de forma compreensível e acessível a qualquer público a maneira pela qual a obra abre uma discussão sobre a condição humana de determinada época. O jornalismo cultural possuiria, então, a preocupação tanto com a informação, quanto com a análise dos fatos culturais entendidos nas expressões culturais. Por essa razão, a análise dos textos de crítica literária em revistas e jornais se faz um ponto necessário para a compreensão da crítica literária contemporânea por estes textos apresentarem não apenas os vieses formais dos livros, mas também a interlocução das obras com questões sociais e até mercadológicas - em teoria. A partir da era que Jameson (1992) denomina como a do capitalismo corporativo - na qual se preza pelas burocracias empresariais e estatais e a desintegração do antigo conceito do indivíduo para a concretização do homem-organização - as novas formas de expressões culturais e, sobretudo, a forma como elas são analisadas pelos veículos de mídia jornalística, podem alterar a maneira como se articulam os debates da sociedade sobre tais expressões culturais. Por exemplo, a presença devastadora da publicidade em nossa contemporaneidade tende a corroer as análises realizadas pela crítica cultural e veiculadas pelos meios de comunicação de massa especializados. Essa característica da publicidade já foi anunciada por Adorno e Horkheimer (2006) como intrínseco da indústria cultural. E realizar uma metanálise é uma forma de compreender como que as informações socio-históricas codificadas nas produções literárias em diversas camadas são decodificadas pelo jornalismo cultural para seu público - ou será que há a intenção de ser superficial ou de decodificar tais informações? A compreensão de como esse tipo de mídia assimila a literatura e propaga para seu leitor suas acepções sobre a obra podem ser realizadas a partir da análise de críticas literárias contemporâneas de revistas culturais, como a francesa Les Inrockuptibles.

The literature is born by the perspective of culture. The analysis of the idea of culture in a historical moment is a complex task. However, by considering the literary production of an era is one of the devices to identify the main economic, social, philosophical or aesthetic characteristics of a certain historical moment. It is no coincidence that the culture must be understood, perceived, described and represented - in other words, the culture must integrate the social facts. By this perspective, as Ballerini (2015) articulate, the journalism main function is not only spread certain literary works, but also to reveal in a comprehensible and an accessible way to any kind of public the way that the literary work opens a discussion about the human condition of a certain period. The cultural journalism has this worry about the information and the cultural facts analysis understood in the cultural expressions. For that reason, the analysis of the texts of literary criticism published in magazines and newspapers is a necessary point for the understanding of contemporary literary criticism because these texts present, in theory, not only the formal biases of books, but also the interlocution of literary works with social and even market questions. From the era that Jameson (1992) names as corporative capitalism - in which it is valued by the corporate and state bureaucracies and the disintegration of the old concept of the individual for the concretization of the man-organization - the new forms of cultural expressions was born and, mainly, there is a change in the articulation of social debates about the cultural expressions of this era. For example, the devastating presence of advertising in our contemporaneity tends to erode the analyzes carried out by cultural critics and carried by the specialized mass media. This publicity characteristic was already been announced by Adorno and Horkheimer (2006) as intrinsic of cultural industry. By doing a meta-analysis we can understand how the social historic information that are codified at literary productions in layers are decodified by cultural journalism to the public - or is it intended to be superficial or to decode such information? The understanding of how this type of media assimilates literature and diffuse to the readers your acquaintance about the literary work could be done by the contemporary literary reviews of cultural magazines, such as Les Inrockuptibles.