O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir o conceito de Criatividade Local na formação inicial de professoras/es de alemão como o entre-espaço dinâmico de negociação de sentidos, no qual se dá a articulação entre as demandas globais e a abertura para o desenvolvimento da/do profissional em seu ambiente local, considerando-se os recursos disponíveis e as condições específicas do contexto de educação linguística. Para tanto, são investigados percepções e posicionamentos das/dos professoras/es em formação inicial sobre o conceito de criatividade em suas "teorias pessoais da prática" (KUMARAVADIVELU, 2012). A investigação fundamenta-se em contribuições da Psicologia da Criatividade (CSIKSZENTMIHALYI, 1996, 2006, 2014a, 2014b), da Psicologia Humanista, de Rogers (1975, 1977, 1983, 1997); nas premissas da condição Pós-Método, de Kumaravadivelu (1994, 2001, 2003, 2006a, 2006b, 2012); e em estudos acerca do papel da mentoria na formação inicial de professoras/es (BOECKER, 2017; WITTEK; RUOHOTIE-LYHTY; HEIKKINEN, 2017; FÜHRER; CRAMER, 2013, 2020a, 2020b, 2020c; SCHNEIDER, 2021). Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, exploratória e colaborativa, que envolveu a pesquisadora e as/os professoras/es em formação em um curso extracurricular de alemão durante o primeiro semestre de 2019. Nesse contexto, a pesquisadora assumiu a postura "congruente" de Rogers (1977), buscando a confiança e a compreensão empática, negociando sentidos e aprendendo a verificar as ameaças e defesas, sem a intenção de tornar-se uma instrutora que objetivasse sugerir práticas "melhores" (KUMARAVADIVELU, 2012, p. 86). Por meio de entrevistas, relatos retrospectivos (Lautes Erinnern) e um encontro em forma de workshop, averiguou-se a existência de fatores que podem ser caracterizados como ameaças ao desenvolvimento da Criatividade Local. Para atenuar as ameaças enfrentadas e promover um espaço salutar de reflexão, de engajamento livre (flow), de provocação e de ação diante das primeiras experiências de estudantes a caminho da profissão docente, propõe-se um programa de acompanhamento e mentoria em sala de aula, como parte do currículo na Licenciatura, amparado por políticas institucionais e ações públicas. Com a oportunidade de experimentar a escuta empática, observou-se o desejo de narrar por parte das/dos professoras/es em formação, mesmo após a fase de geração dos dados, fato que corrobora a premissa de que carecemos de espaços como esse na academia. Espaços que permitam outras formas de produzir conhecimento: a escuta ativa; os desabafos; o apoio para lidar com inseguranças; e a negociação de sentidos. Especialmente neste momento de iniciação, essas ações podem ser decisivas para optar-se pelo exercício dessa profissão. Ademais, a possibilidade de construir pontes entre os saberes acadêmicos e a ação pedagógica e o estabelecimento de relações transparentes de troca revelaram-se fundamentais para o trabalho coletivo profícuo. Vale ressaltar que a proposta apresentada nesta tese não deve ser vista como concluída ou imutável. Ao contrário, trata-se de um convite ao diálogo, à sua ressignificação local e a novos olhares para o exposto em outros espaços possíveis.

The aim of this Dissertation is to foster the concept of Local Creativity in the initial German teacher education as the dynamic interspace of meaning negotiation, in which the articulation between global demands and the opening for the development of the professional in his/her environment takes place, considering the available resources and the specific conditions of the language education context. For that, perceptions and positions of teachers in initial training about the concept of creativity in their "personal theories" of practice (KUMARAVADIVELU, 2012) were investigated. The research is based on contributions from Psychology of Creativity (CSIKSZENTMIHALYI, 1996, 2006, 2014a, 2014b); Rogers' Humanistic Psychology (1975, 1977, 1983, 1997) and in the premises of Kumaravadivelu's Post-methodological condition (1994, 2001, 2003, 2006a, 2006b, 2012), in addition to studies about the role of mentoring in initial teacher education (BOECKER, 2017; WITTEK; RUOHOTIE-LYHTY; HEIKKINEN, 2017; FÜHRER; CRAMER, 2013, 2020a, 2020b, 2020c; SCHNEIDER, 2021). In methodological terms, this research is of a qualitative, exploratory and collaborative nature that involved the researcher and the teachers-in-training in an extracurricular German course during the first semester of 2019. The researcher assumed Rogers' (1977) "congruent" stance, seeking trust, empathic understanding, negotiating meanings and learning to check for threats and defences, without the intention of becoming an instructor with the aim of suggesting "best" practices (KUMARAVADIVELU, 2012. p. 86). Through interviews, retrospective reports (Lautes Erinnern) and a meeting in the form of a Workshop, the existence of factors that can be characterised as threats to the development of Local Creativity was verified. To mitigate the threats faced and to promote a healthy space for reflection, free engagement (flow), provocation and action in the face of the first experiences of students on their way to the teaching profession, a follow-up and mentoring program is proposed during the first experiences in the classroom, as part of the curriculum in pre-service education, supported by public policies and actions. With the opportunity of empathic listening, the teacher's desire to narrate was observed, even after the collection phase, a fact that corroborates the premise that we need spaces like this in the academy. Spaces that allow other ways of producing knowledge: the active listening, the venting, the support to deal with insecurities and the negotiation of meanings. Especially at this moment of initiation, these actions may be decisive for the choice of the profession. Furthermore, the possibility of building bridges between academic knowledge and pedagogical action and the establishment of transparent relationships of exchange proved to be fundamental for the fruitful collective work. It is worth pointing out that the proposal should not be seen as finished or unchangeable. On the contrary, it is an invitation to dialogue, to local re-signification and to take a new look at what is exposed in other possible spaces.