Certas manifestações no satiricon apontam para uma mistura desordenada e em desarmonia com senso comum, considerado como uma tentativa de o homem organizar o mundo. Nelas, o grotesco mostra em desagregação o mundo interpretado por ele, e o homem desfigurado ou em processo de desfiguração. Se considerado como o reverso do sublime, o grotesco no satiricon liga-se ao termo nouus (sat. 132. 15) com que Petronio define sua produção e excede os limites impostos pelas regras de seu tempo, numa atitude de inovação, subversão e ruptura dos valores estabelecidos, juntamente a uma pressão estabelecida por circunstâncias contraditórias que podem proporcionar novas discussões acerca do convencional: apresentando com o satiricon circunstâncias especiais, sobretudo de exagero da realidade segundo os aspectos mais variados, Petronio valoriza as transformações estético-literárias que desnudam e desafiam as convenções estéticas e os modelos de comportamento. O satiricon aponta para o riso diante de realidades horríveis, desvios monstruosos de modelos humanos, mundo amoral e caótico e uma aparente existência sem sentido, opostas ao discurso oficial que as encobre

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