Tese de Doutorado
DOI
https://doi.org/10.11606/T.8.2010.tde-10112010-153708
Documento
Autor
Nome completo
Bruno Okoudowa
E-mail
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
São Paulo, 2010
Orientador
Banca examinadora
Petter, Margarida Maria Taddoni (Presidente)
Alkmim, Tania Maria
Bonvini, Emilio
Ferreira Netto, Waldemar
Negrao, Esmeralda Vailati
Título em português
Morfologia verbal do Lembaama
Palavras-chave em português
Lembaama
LÃnguas africanas
LÃnguas bantas
Morfologia verbal
Morfossintaxe
Resumo em português
Este trabalho propõe a análise da morfologia verbal do lembaama, que é uma lÃngua do subgrupo banto (da floresta), B.62 (Guthrie, 1971), do grupo Benuê-Congo, do tronco Nigero-congolês. Como esta lÃngua não apresenta nenhum estudo deste gênero, espera-se que esta primeira análise possibilite estudos posteriores neste e em outros campos linguÃsticos. A análise morfológica dos verbos revelou, primeiramente, que a estrutura verbal dessa lÃngua é composta dos seguintes elementos: sujeito, Ãndice do sujeito, negação1, marca de Tempo, raiz do verbo, extensão, vogal final ou marca de Aspecto, objeto(s) ou Ãndice do objeto, negação2 que se seguem numa ordem fixa na oração. Constatamos que o Ãndice do objeto, que é geralmente anteposto à raiz do verbo na maioria das lÃnguas bantas, é posposto ao verbo em lembaama. A negação, por sua vez, é representada pelo morfema descontÃnuo composto por dois elementos: ka- (negação1) e -nà (negação2). Sendo que na estrutura verbal, ka- aparece depois do Ãndice do sujeito (à esquerda da raiz do verbo) e -ni aparece depois do Ãndice do objeto (à direita da raiz do verbo), é o último elemento da estrutura do verbo. Ao estudar a derivação verbal em lembaama, constatamos que a estrutura das extensões desta lÃngua difere daquela encontrada nas outras lÃnguas bantas pelo fato do lembaama ter acrescentado à estrutura -VC- preexistente no protobanto, estruturas do tipo -C-, -CV- e -CVC-. A extensão mais comum e mais fácil de ser reconhecida nessa lÃngua é aquela que marca o habitual, tanto no presente (-ag-) como no passado (-ig-). O estudo dos sufixos derivativos do lembaama revelou também a existência de uma correlação entre o valor gramatical e o valor semântico das extensões. Vimos que seres humanos e animados são envolvidos em orações que apresentam uma transitividade alta. O estudo da transitividade mostrou-se, ainda, como uma noção fundamental nessa lÃngua porque distingue ações e estados, por exemplo. Quanto à análise das categorias Tempo, Aspecto e Modo (TAM), essa lÃngua evidenciou três tempos: um presente que não tem marcas e que se confunde com o presente pontual, o progressivo e o futuro. Dois futuros: um mais próximo, sem marcas, que se confunde com o presente pontual e o progressivo; outro, mais distante, marcado pelo verbo auxiliar odze "ir". Três passados: um recente, marcado pelo morfema mÃ- de tom alto e anteposto ao radical do verbo; um distante, marcado pelo morfema máá- de tom alto e anteposto ao radical do verbo; um remoto, expresso pela junção do verbo auxiliar -ki "estar" e o morfema do passado mÃ-. Assim, contrariamente aos morfemas de Aspectos, os morfemas de Tempo são sempre antepostos ao radical do verbo. É o caso dos dois morfemas que marcam os passados recente e distante. Há dois aspectos: o perfectivo, marcado pela vogal final -Ã; o imperfectivo, sem marca especÃfica. A análise dos tempos e dos aspectos revelou que o Aspecto é mais fundamental em lembaama. O estudo dos modos permitiu identificar três: o imperativo, o condicional e o indicativo.
Título em inglês
Morphology of lembaama verbal system
Palavras-chave em inglês
African languages
Bantu languages of the forest
Lembaama
Morpho-syntax
Verbal morphology
Resumo em inglês
This work proposes an analysis of the verbal morphology of Lembaama (B62) according to Guthrie (1971). Officially called Obamba in Gabon, Lembaama is a Bantu language of the forest, from the Benue-Congo group and Niger-Congo phylum. As far as we know, this language has yet to receive a detailed study. It should be noted that Lembaama shows some interesting features. Indeed, the verbal morphology analysis shows that a single inflected verb contains the following elements: subject, subject marker, negative1, Tense marker, root, extension, Final Vowel or Aspect marker, negative2 occurring in a fix order in a sentence. The object marker comes after the root. Negation consists of a discontinuous morpheme: kanÃ. Ka- is placed before the root (by the left) and -nà occurs after the root (by the right) being the last element of this structure. The verbal derivation study reveals the following structure of Lembaama extensions: -C-, -CV-, -VC- and -CVC-.The habitual marker -ag- being the commonest extension. This study also highlights the existence of a correlation between the grammatical value and the semantic value of extensions. Hence, human and animate beings are evoked in clauses with higher transitivity than things. Therefore, transitivity is fundamental in Lembaama, as it can distinguish actions from states, for example. Tense, Aspect and Mood study defines three Tenses. First, there is a present that, because it is used without tense marker, can be merged with near future or with progressive. Then, we note two future tenses: a near future (F1) occurring without mark and a distant future (F2) marked by the auxiliary verb odze go. Finally, we count three past tenses: a recent (P1) marked by mÃ- with a high tone; a distant (P2) marked by máá- with a high tone too, and a remote past (P3) marked by kà be, an auxiliary verb with high tone and mÃ-, the recent past marker, both coming before the root (by the left). Thus, Tense marker morphemes are always placed before the root (by the left) and Aspect markers occur after the root (by the right). This analysis highlighted two Aspects: a perfective marked by the Final Vowel -Ã; an imperfective without a specific mark. Tense and Aspect analysis allows to conclude that Aspect is more fundamental than Tense in this language. Concerning Mood, the analysis revealed three: imperative, conditional and indicative.
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Data de Publicação
2010-11-10