Nessa tese investigamos a trajetória de vida e os projetos políticos do negociante Joaquim José da Silva Maia (1776-1831) em defesa dos vínculos entre Brasil e Portugal, mesmo após o reconhecimento da separação, em 1825. Na Bahia, Maia redigiu os periódicos Semanário Cívico (1821-1823) e Sentinella Bahiense (1822), apoiando as Cortes de Lisboa e se opondo à regência de D. Pedro. No contexto da guerra civil (1822-1823), se envolveu em polêmicas, pois foi contrário à separação dos Reinos de Portugal e Brasil. Retirou-se da Bahia para o Porto, em Portugal, em 1823, depois da vitória das forças políticas do Centro-Sul associadas à autoridade de D. Pedro. No Porto, publicou o periódico Imparcial (1826-1828), mudando de posição em relação ao Imperador do Brasil, elogiando-o pela outorga da Carta de 1826. Em 1828, no reinado de D. Miguel, Maia foi preso e, graças ao levante liberal daquele ano, foi solto. Exilou-se no Rio de Janeiro, em 1830, onde publicou O Brasileiro Imparcial (1830), defendendo o já fragilizado governo de D. Pedro I. Ao longo da década de 1820, opositores no Brasil acusaram Maia de ser absolutista, áulico e recolonizador, denominações que foram endossadas também por parte da historiografia brasileira nos séculos XIX e XX. A partir do século XX, além dessas denominações, Maia também foi considerado reacionário e conservador em produções historiográficas. Para abordar os problemas engendrados acerca do perfil construído para Silva Maia então ligados à produção da memória e da historiografia sobre esse personagem e sobre o processo de Independência, reconstituímos sua atuação tanto no Brasil quanto em Portugal; abordamos o resgate que seu filho Emílio Joaquim da Silva Maia (1808-1859) promoveu da memória do pai nas décadas de 1840 e 1850, seja publicando as memórias póstumas de seu progenitor, seja destacando sua importância para o estabelecimento da monarquia constitucional na narrativa histórica que produziu sobre Portugal e Brasil e, por seu turno, exploramos também as produções historiográficas dos séculos XIX e XX que se ocuparam desse personagem. O objetivo nessa pesquisa foi problematizar algumas interpretações sobre Silva Maia e investigar a trajetória de vida e os projetos dele no Brasil e em Portugal, contribuindo com os atuais estudos sobre o processo de Independência e a reconstituição da multiplicidade de projetos políticos em debate naquele momento, particularmente a dimensão e a viabilidade de propostas que sustentaram a resistência à completa separação das partes constitutivas do antigo Império Português

This thesis investigates the life trajectory and political projects of the trader Joaquim José da Silva Maia (1776-1831) in defense of the bonds between Brazil and Portugal, even after the recognition of separation in 1825. In Bahias region, Maia wrote the weekly newspapers the Semanário Cívico (1821-1823) and Sentinella Bahiense (1822), supporting the Lisbon Courts and opposing D. Pedro Regency. Concerning Civil War (1822-1823), he got involved in polemics, once he was against the separation of the kingdoms of Portugal and Brazil. He retired from Bahia to Porto, in Portugal, in 1823, after the victory of politic forces at South-Central region that was associated with D. Pedro authority. In the city of Porto, Maia published the newspaper Imparcial (1826-1828), changing his position about Brazils Imperator, praising him for granting the Charter of 1826. In the year of 1828, in the reign of D. Miguel, Maia was arrested and, due to that year's liberal uprising, was released. He went into exile in Rio de Janeiro in 1830, where he published O Brasileiro Imparcial (1830), a journal defending the already weakened government of D. Pedro I. Throughout the decades of 1820, opponents in Brazil accused Maia of being an "absolutist", "aulic" and "recolonizer", designations that were endorsed by part of Brazilian historiography in the 19th and 20th centuries. From the twentieth century, in addition to these denominations, Maia was also considered in historiographical productions as a reactionary and conservative person. To explain the engendered problems about the profile built for Silva Maia, until than linked to the production of memory and historiography about this character and the process of Brazil Independence, we reconstruct its performance in Brazil and Portugal; we present the rescue that his son Emílio Joaquim da Silva Maia (1808-1859) promoted of his father's memory in the 1840s and 1850s, be publishing the posthumous memories of your father, or by highlighting its importance for the establishment of the constitutional monarchy in the historical narrative that had produced about Portugal and Brazil, by the way, we also explore the historiographical productions of the nineteenth and twentieth centuries that were concerned about this personality The objective in this research was to problematize some interpretations about Silva Maia and investigate his life trajectory and his projects in Brazil and Portugal, contributing to the current studies on the independence process and the reconstitution of the multiplicity of political projects in debate at that time, particularly the dimension and viability of proposals that sustained the resistance to the complete separation of the constitutive parts of the old Portuguese Empire