Entre 1978 e 2002, a China ascendeu mundialmente como um dos centros mais dinâmicos de acumulação de capital. Após uma leitura pragmática dos acontecimentos políticos e econômicos mundiais ao final da década de 1970, o Estado chinês, liderado por Deng Xiaoping e seu grupo reformista, promoveu uma ruptura com os padrões de acumulação interna e inserção externa da economia chinesa. Internamente, as reformas setoriais consubstanciadas nas "quatro modernizações" tornaram possível a abertura de frentes inéditas de acumulação de capital na economia chinesa. A gestão macroeconômica esteve totalmente alinhada e condicionada ao projeto reformista, sendo acompanhada por transformações institucionais e sociais ao longo do período, sem as quais não haveria a possibilidade de sucesso do projeto reformista. Externamente, a ruptura do isolamento com o exterior, o advento da crise hegemônica e a consequente expansão financeira centrada nos Estados Unidos, as transformações das economias asiáticas antes e após a crise de 1997 e a abertura planejada de setores econômicos internos pelo Estado à presença de capital estrangeiro permitiram o gradual avanço chinês sobre as redes asiáticas e mundiais de produção, comercio e investimentos, tornando a economia chinesa um dos mais importantes centros de expansão material e acumulação de capital na economia-mundo capitalista no início do século XXI.

Between 1978 and 2002, China rose worldwide as one of the most dynamic centers of capital accumulation. After a pragmatic reading of world political and economic events at the end of the 1970s, the Chinese state, led by Deng Xiaoping and his reformist group, promoted a break with the patterns of internal accumulation and external insertion of the Chinese economy. Internally, the sectorial reforms embodied in the "four modernizations" made possible the opening of unprecedented fronts of capital accumulation in the Chinese economy. The macroeconomic management was fully aligned and conditioned to the reform project, being accompanied by institutional and social transformations over the period, without which there would be no possibility of success for the reformist project. Externally, the rupture of isolation with the outside, the advent of the hegemonic crisis and the consequent financial expansion centered on the United States, the transformations of the Asian economies before and after the 1997 crisis and the planned opening of internal economic sectors by the State to the presence of foreign capital allowed the gradual Chinese advance over Asian and global networks of production, trade and investment, making the Chinese economy one of the most important centers of material expansion and capital accumulation in the capitalist world-economy at the beginning of the 21st century.