Esta pesquisa trata de um recente fenômeno social, cujo marco temporal remonta à década de 1980, a saber, o pulular de pequenas igrejas pentecostais entre as camadas populares das periferias urbanas. Tomando como universo empírico uma rede de pequenas igrejas fundadas por aspirantes à carreira pastoral - em um específico bairro de Santana de Parnaíba-SP -, argumentamos que esses projetos missionários não surgem em um vácuo social, mas em um contexto socioeconômico perpassado por diferentes relações de classe, raça, gênero e, portanto, por relações de poder. A economia dos capítulos desenvolve o argumento central de que essas pequenas igrejas - que chamaremos de Projetos Miríficos - tornam-se tecnologias de empoderamento em posse de pequenos núcleos familiares desprovidos de capitais simbólicos. Sem garantias de sucesso e marcados pela expectativa de fracasso devido às origens cismáticas, os atores envolvidos na disputa pastoral engajam-se na produção de sinais públicos do reconhecimento. A fim de levar adiante esse problema de ordem moral, investimos não apenas na caracterização das privações, mas, sobretudo, na análise dos repertórios sensoriais e morais que autenticam as reivindicações de origens divinas: os marcadores de sociais, o princípio de rivalidade estrutural e o processo de iconização do estatuto ontológico de Igreja autêntica.

This research deals with a recent social phenomenon, that send us back to early 1980: the popularization of small pentecostal churches between popular layers of the periphery and suburbs. Taking as empirical field a network of churches founded by aspirants to pastoral career - in a specific neighborhood of Santana do Parnaiba, in metropolitan Sao Paulo - we argue that these missionary projects do not arise in a social vacuum, but in a social economic context that includes many racial, gender and class relations, in sum, power relations. We will explore a central argument: these small churches - which we will call Mirific Projects - became empowerment technologies to small familiar cores deprived of symbolic capital. Without chances of success and tagged by an expectative of failure due to his schismatical origins, the actors involved engage in establish public signs of recognition. To carry forward this moral problem, we invest not only in show the deprivations, but, above all, in analyze moral and sensorial records that authenticate the divine claims: social markers, the principle of structural rivalry and /i>iconization process of the ontological status of authentic Church.