Esta dissertação apresenta uma revisão dos modos pelos quais as análises etnográficas descrevem os rituais praticados pelos povos do sistema multilíngue do Alto Xingu (MT). Observando que a noção de ritual geralmente aparece nas etnografias não como um conceito antropológico bem definido, mas como uma tradução para termos indígenas, busca-se mostrar como é possível, ainda assim, encontrar padrões no tratamento analítico conferido aos rituais xinguanos. Dois modos de análise são identificados, um que refere o ritual à necessidade de integração de um socius pouco coeso, e outra que procura apreender o ritual a partir de uma lógica que lhe é própria. O objetivo desta dissertação é mostrar como esses diferentes modos de análise podem ser articulados, e assim tornados mais nítidos, a formulações teóricas sobre ritual marcantes na história da antropologia

This dissertation presents a review of the ways in which ethnographic analyzes describe the rituals practiced by the peoples of the multilingual system of the Upper Xingu (MT). Starting with an observation that the notion of ritual usually appears in ethnographies not as a well-defined anthropological concept, but as a translation into indigenous terms, the dissertation suggests thar it is possible, even so, to find patterns in the analytical treatment given to Xingu rituals. Two modes of analysis are identified, one that refers the ritual to the need for integration of a loosely cohesive socius, and another that seeks to apprehend the ritual from its own logic. The objective of this dissertation is to show how these different modes of analysis can be articulated, and thus made clearer, to theoretical formulations about ritual that are important in the history of anthropology