Esta dissertação de mestrado tem como principal objetivo analisar o livro A Condição Humana de Hannah Arendt. A pesquisa busca contribuir com as discussões acerca do pensamento arendtiano ao desenvolver uma análise de A Condição Humana tendo como centro o conceito de pluralidade. Nossa hipótese é a de que este conceito ilumina o pensamento político da filósofa e nos liberta de enganos. Desenvolvemos nossa hipótese em três capítulos que percorrem respectivamente o social, o mundo e o sistema de conselhos. No primeiro capítulo, mostramos a problemática da questão social de forma que nos contrapomos à leitura de Hannah Pitkin por negarmos o caráter mitológico do social e por assumirmos que há uma relação intrínseca entre a ascensão deste e as ameaças à pluralidade expressas através da experiência da desolação. A investigação terá como base a análise pormenorizada da vita activa. No segundo capítulo, passaremos a investigar o conceito de mundo, por ser esse um conceito essencial não apenas para a compreensão da pluralidade, como também elemento valioso no interior de A Condição Humana. Para isso, abordaremos o conceito de crise para revelar o sentido em que surge o mundo na obra de Arendt. Por fim, desenvolveremos a análise do sistema de conselhos, pois defendemos ser essa a resposta encontrada por Arendt em favor da pluralidade. Em geral, as análises sobre o sistema de conselhos no pensamento arendtiano se concentram apenas no livro Sobre a Revolução, mas mostraremos que já em A Condição Humana podemos encontrar elementos que iluminam tal resposta. Defendemos, além disso, que há proximidade entre o pensamento de Arendt e o de Rosa Luxemburgo no que concerne o sistema de conselhos.

This thesis aims at discussing the book The Human Condition by Hannah Arendt. The research seeks to contribute to the discussions on Arendtian thought by developing an analysis of The Human Condition centred on the concept of plurality. Our hypothesis is that the concept of plurality brings Arendt's political thought to light and drives us away from misconceptions. We develop our hypothesis through three chapters that runs through the social, the world and the council system. In the first chapter we show the problem of the social question so that we will counter the reading of Hannah Pitkin by denying the mythological character of the social and assuming its intrinsic relation with the attack against the plurality through its product, the desolation. The research will be based on the detailed analysis of the vita activa. In the second chapter, we will look at the concept of world, as this is an essential concept not only for understanding plurality, but also a valuable element within The Human Condition. For this, we will approach the concept of crisis to reveal the meaning in which the world arises in Arendt's work. Finally, we will develop the analysis about the council system, since we argue for this as the answer found by Arendt in favour of plurality. In general, the analysis of the council system in Arendtian thought focus only on the book On Revolution, but we will show that already in The Human Condition we can find elements that brings the council system as her answer to the problem of plurality. We further argue that there is a close relationship between Arendt's and Rosa Luxemburg's thought on the council system.