O objetivo desse trabalho é apresentar a harmonia centrípeta como função simbólica da arte, no lugar da perfeita harmonia do espírito defendida por S. G. Lofts em seu rabalho Ernst Cassirer: a "repetition" of modernity. Em grande parte, a elaboração realizada por Lofts sobre a filosofia das formas simbólicas de Cassirer é aqui adotada. Os pontos de discordância levam, todavia, a outra formulação da função estética, uma vez que, por meio da sua, a prerrogativa de irredutibilidade para cada produto cultural determinada por Cassirer não se verificaria na arte. A irredutibilidade pode ser considerada um princípio no programa cassireriano, cuja ausência compromete a consistência de seu sistema filosófico. Para Lofts, a função simbólica pode ser descrita como a perfeita harmonia entre os movimentos centrífugos e centrípetos, que ele relaciona aos motivos expressivos e representativos, segundo elaborados por Cassirer. Esse trabalho procurará mostrar que essa consequência é apenas circunstancial, decorrente mais da impressão que a arte provoca quando tomada pelos problemas relativos a outras formas simbólicas do que sobre as propriedades que a tornam irredutível a elas. Caso o raciocínio de Lofts observasse isso, ele deveria assinalar na função estética somente o movimento centrípeto, cujas condições conservam em permanente conflito os motivos expressivos e representativos, corporificando esteticamente não a harmonização dos conflitos, mas a harmonia na contenda: condição básica da relação entre as formas simbólicas. A título de exemplo, o trabalho propõe como a hipótese da harmonia centrípeta permite mais bem evidenciar o sistema estético do capítulo sobre arte de Essay on Man, de Cassirer; justamente um material que Lofts considera não mais que um esboço. O trabalho também compreende um volume anexo que propõe uma sistematização do programa das formas simbólicas a fim de auxiliar aqueles não familiarizados com seus conceitos, trazendo no corpo do texto principal referências frequentes a esse volume.

This work aims to present centripetal harmony as art's symbolic function, instead of the perfect harmony of the spirit defended by S. G. Lofts in his work Ernst Cassirer: a "repetition" of modernity. In its most part, the thought developed Lofts on Cassirer's philosophy of symbolic forms is hereby adopted. The areas of disagreement lead, however, to another formulation for the aesthetic function, given that, through Lofts', the prerogative of irreducibility for each cultural product determined by Cassirer would not be present in art. Irreducibility can be considered a principle on the Cassirean program, whose abscence compromises the consistency of his philosophical system. For Lofts, symbolic function can be described as the perfect harmony between centripetal and centrifugal movements, which are related to expressive and representative motives, as elaborated by Cassirer. This work will demonstrate that this consequence is only circumstantial, resulting more from the impression art provokes when taken by the problems related to other symbolic forms than on the properties that make it irreducible to themselves. If Lofts' reasoning observed such, he would indicate in the aesthetic function only the centripetal movement, whose conditions conserve expressive and representative motives in permanent conflict, aesthetically embodying not the harmonization of conflicts, but their harmony in conflict: basic condition for the relationship between symbolic forms. As an example, this work proposes how the hypothesis of centripetal harmony allows more appropriately to make evident the aesthetic system of the chapter on art on Cassirer's Essay on Man; which Lofts himself considers to be no more than a draft.The work also contains an annex volume proposing a systematization of the program of the symbolic forms in order to aid the ones not familiarized with its concepts, bringing on the main volume frequent references to this volume.