Nesta dissertação, examino de maneira comparativa as contribuições de Paul Feyerabend e Larry Laudan para os temas da fundamentação e da dinâmica das regras metodológicas, com ênfase nas suas relações com o problema da inovação, a saber, a questão da racionalidade da utilização de teorias incipientes, as quais são possivelmente incompatíveis com parte do corpo de conhecimentos aceitos. Como uma etapa preparativa, a partir da obra desses filósofos, abordo dois pontos essenciais para a compreensão do papel e dos limites da metodologia: o estatuto das regras metodológicas e a relação entre metodologia e história. Em seguida, empreendo uma reconstrução do debate entre os dois pensadores, examinando em particular a discordância em torno da relevância do comportamento contranormal, isto é, violações ao cânone metodológico que não obstante resultaram em reconhecidos avanços, e proponho que ela está relacionada com a divergência acerca dos limites da racionalidade do contexto de busca. Ainda como parte dessa reconstrução, analiso outros dois focos de diálogo: as soluções alternativas para o problema de conciliar componentes descritivos e normativos em uma metodologia que se apoia na história; e as diferentes concepções sobre a relação entre axiologia e metodologia. A partir desse debate, elaboro um modelo da racionalidade da mudança científica via busca. Por fim, emprego esse modelo para uma reinterpretação das ideias de Richard Dawid quanto à necessidade de reformulação do método científico no campo da física de altas energias, para dar conta do maior papel dos critérios não empíricos, e proponho que o modelo via busca oferece uma visão alternativa, que torna mais clara a racionalidade prospectiva dos cientistas em uma situação de inovação.

In this thesis I examine comparatively the contributions of Paul Feyerabend and Larry Laudan to the subjects of foundations and dynamics of methodological rules with emphasis on their relations to the innovation problem, namely the issue of the rationality of utilizing nascent theories, which are possibly incompatible with part of the accepted body of knowledge. In a preliminary step, based on the works of these philosophers, I address two crucial points for understanding the role and the limits of methodology: the character of methodological rules and the relation between methodology and history. Next I undertake a reconstruction of the debate between the two authors, examining in particular their disagreement over the relevance of counternormal behavior, i.e. violations of the methodological canon that nonetheless resulted in recognized advances, and I propose that it was related to their diverging views over the limits of the rationality of the context of pursuit. As another part of this reconstruction, I analyze other two foci of dialogue: their alternative solutions to the problem of reconciling descriptive and normative components in a methodology that is supported by history; and their different conceptions of the relation between axiology and methodology. Based on this dialogue, I elaborate a model of the rationality of scientific change via pursuit. Finally, I employ this model in a reinterpretation of Richard Dawid's stance on the need for a reassessment of scientific method in the field of high energy physics to account for the greater role of non-empirical criteria. I propose that the model via pursuit offers an alternative perspective, which makes more clear the prospective rationality of scientists in a context of innovation.