Representação é uma noção importante na prática científica. Entre várias noções de representação encontradas na literatura temos a abordagem proposta por Roman Frigg e James Nguyen conhecida como acepção DEKI. Essa visão entende que cientistas representam denotando o sistema-alvo com um modelo interpretado de tal modo que possa exemplificar propriedades relevantes para o estudo que, por sua vez, podem ser associadas a propriedades que serão imputadas ao sistema-alvo. Trata-se de uma ampliação da ideia de representação-como na qual o veículo de representação representa o alvo como alguma coisa. O propósito deste trabalho é mostrar como a acepção DEKI se aplica na modelagem de sistemas complexos por meio de autômatos celulares (AC). Resumidamente, AC são estruturas definidas em termos de unidades chamadas células que podem assumir uma quantidade finita de estados e mudá-los a partir de uma regra de transição que leva em conta os estados de células da vizinhança. Localmente, tudo que se tem é a mudança de estado das células, mas, em uma perspectiva global, padrões curiosos emergem, de modo que AC podem ser usados para modelar aspectos emergentes típicos de sistemas complexos se interpretados globalmente. Assim, podemos aplicar a acepção DEKI no seguinte sentido: AC denotam o sistema-alvo sob uma interpretação global de modo que exemplificam propriedades emergentes que podem ser associadas por alguma a chave a propriedades emergentes que serão imputadas aos alvos de interesse. Como exemplos, três casos de aplicação de AC na prática científica são considerados: na formação de cristais de neve, no espalhamento de hantavírus em roedores e na expansão urbana da Região Metropolitana de São Paulo

Representation is an important notion in scientific practice. Among several notions of representation found in the literature, we have the approach proposed by Roman Frigg and James Nguyen known as the DEKI account. This view understands that scientists represent denoting the target system with a model interpreted in such a way that it can exemplify properties relevant to the study which, in turn, can be associated with properties that will be imputed to the target system. It is an expansion of the idea of representation-as in which the representation vehicle represents the target as something. The purpose of this work is to show how the DEKI account is applied in the modeling of complex systems using cellular automata (CA). Briefly, CA are structures defined in terms of units called cells that can take a finite amount of states and change them based on a transition rule that takes into account the states of neighboring cells. Locally, you only have cells changing their states, but in a global perspective, curious patterns emerge so that CA can be used to model emergent features typical of complex systems if globally interpreted. Thus, we can apply the DEKI account in the following sense: CA denote the target system under a global interpretation so that they exemplify emergent properties that can be associated by some key to emergent properties that will be imputed to the targets of interest. As examples, three cases of application of CA in scientific practice are considered: in the formation of snow crystals, in the spread of hantaviruses in rodents and in the urban expansion of the Metropolitan Region of São Paulo