Neste trabalho investigo a formulação e o desenvolvimento do conceito de senso comum nos Cadernos do cárcere de Antonio Gramsci. O conceito é concebido somente durante sua produção carcerária, se encontrando de modo privilegiado no caderno especial 11, em que o Tratado de materialismo histórico, de Nicolai Bukhárin é duramente criticado. Examino, por isso, o trio senso comum, folclore e filosofia, desde seu surgimento correlacionado no caderno 1 até sua formulação final no caderno 11. Há nesse percurso um movimento que repensa a visão tradicional das várias políticas sobre a vida e a cultura popular, propondo uma nova rede conceitual. Dois horizontes atravessam essa reflexão sobre o senso comum balizando o projeto gramsciano de reorientar a política sobre o pensamento popular: a integração cultural nacional através do conceito de nacional-popular e a transformação mental popular pelo conceito de reforma intelectual e moral. Desse modo, a partir da extensão que o conceito de senso comum tem nos Cadernos do cárcere, do tamanho da rede conceitual que surge junto dele para solucionar a problemática do pensamento popular e do lugar que possui dentro do próprio projeto de filosofia de Gramsci, a filosofia da práxis, é que tento demonstrar como o conceito de senso comum envolve a construção de uma teoria política própria e, consequentemente, uma nova visão da política.

In this work, I investigate the formulation and development of the concept of common sense in Antonio Gramsci's Prison Notebooks. The concept is conceived only during his prison production, and is found in a privileged way in the special notebook 11, in which Nicolai Bukharin's Treatise on Historical Materialism is harshly criticized. Therefore, I examine the trio of common sense, folklore and philosophy, from its correlated appearance in notebook 1 to its final formulation in notebook 11. There is in this path a movement that rethinks the traditional view of the various policies on life and popular culture, proposing a new conceptual network. Two horizons run through this reflection on common sense guiding the Gramscian project of reorienting politics on popular thought: national cultural integration through the concept of national-popular and popular mental transformation through the concept of intellectual and moral reform. In this way, from the extension that the concept of common sense has in Prison Notebooks, from the size of the conceptual network that emerges with it to solve the problem of popular thought and from the place it has within Gramsci's own project of philosophy, the philosophy of praxis, is that I try to demonstrate how the concept of common sense involves the construction of a political theory of its own and, consequently, a new vision of politics.