Partindo da investigação acerca da interpretação em Nietzsche, esta pesquisa tem por objetivo resgatar a trama conceptual introduzida pelo filósofo alemão desde a elaboração de Assim falava Zaratustra a fim de mostrar que o motivo condutor de seu pensamento genuíno é a elaboração de uma nova perspectiva ética. Os conceitos de vontade de potência como interpretação, além-do-homem enquanto sujeito ético, eterno retorno como círculo mundano de interpretações e amor fati enquanto uma perspectiva ética dissolvem a metafísica mediante a proposição concomitante de um horizonte que prescinde da dualidade, da universalidade e da culpa. Tencionando ultrapassar a compatibilidade estabelecida durante dois mil anos da história do Ocidente entre culpa e ética, a filosofia nietzschiana propõe uma interpretação acerca da inserção atuante do homem no mundo e do mundo enquanto inocência intrínseca, considerando determinações não conscientes como prioritárias e decisivas em sua inscrição na cadeia social. A perspectiva da necessidade do impor de uma interpretação resultante da luta entre vontades de potência enquanto interpretação remete, nessa pesquisa, a uma ética da condição humana inserta no mundo desde a ausência de justificativas ulteriores, a partir do reconhecimento, simultâneo, de sua singularidade, casualidade e finitude

This research aims at recovering the conceptual apparatus presented by Nietzsche from the writing of his Thus Spoke Zarathustra on, in order to show that the guiding motive of his genuine thought is the elaboration of a new ethical perspective. It must be added that this will be done through the investigation into the German philosopher's conception of interpretation. The concepts of will to power as interpretation, overman as ethical subject, eternal recurrence as a worldly circle of interpretations and amor fati as an ethical perspective put an end to metaphysics by proposing a horizon which dispenses with duality, universality and guilt. Intending to overcome the compatibility between guilt and ethics established in two thousand years of history, the nietzschean philosophy proposes an interpretation of the active introduction of man in the world and of the world as intrinsic inocence. Nietzsche does so by priorititizing non conscious determinations and considering them as decisive for man's inscription in the social chain. It is advanced the necessity of the imposition of an interpretation that results from the fight among wills to power, these taken as interpretation. It is argued that this perspective leads to the ethic of the human condition inserted in the world from the absence of further justification, acknowledging at the same time its singularity, casualness and finiteness