A pesquisa realizada para esta tese aborda os impactos da flexibilização do trabalho a partir da experiência de trabalhadores criativos autônomos na indústria criativa de mercado. Por meio da compreensão do fenômeno da flexibilização, analisamos as transformações nas relações de trabalho e seus impactos a partir de dois movimentos: a degradação do trabalho, marcada pela degradação das formas e pela degradação substancial; e a deterioração subjetiva, marcada por afetos atrelados à experiência de degradação, como a ansiedade, o medo e a vergonha. O impacto na subjetividade, da contradição entre a expectativa e a experiência vivida, é analisado a partir do discurso do trabalho flexível que, na indústria criativa, assume uma especificidade aqui chamada de discurso da mentalidade empreendedorialista. Nesse sentido, as ideias em torno do empreendedorismo não apenas representam o mascaramento das condições de degradação, mas também incorporam substantivamente a dimensão volitiva desses trabalhadores autônomos em torno das ideias de liberdade, autonomia e autodeterminação. A pesquisa empírica foi realizada por meio de 30 entrevistas em profundidade e da análise de formulários respondidos por 533 trabalhadores autônomos. Além de análise dos relatos dos trabalhadores, também analisamos a literatura de negócios da indústria criativa e podcasts sobre trabalho criativo.

The research conducted for this thesis addresses the impacts of work flexibilization, based on the experience of creative freelance workers in the creative market industry. Through the understanding of the flexibilization phenomenon, we analyzed the impact of transformations in work relationships and their effects from two movements: the degradation of work, marked by degradation of form and substantial degradation; and subjective deterioration, marked by affects related to the experience of degradation: anxiety, fear, and shame. The impact on subjectivity, resulting from the contradiction between expectation and lived experience, is analyzed from the discourse of flexible work, which in the creative industry assumes a specificity called the discourse of entrepreneurialism mindset. In this sense, ideas around entrepreneurship not only represent the masking of degradation conditions, but also substantially incorporate the volitional dimension of these freelance workers around the ideas of freedom, autonomy, and self-determination. The empirical research was conducted through 30 in-depth interviews and analysis of forms answered by 533 freelance workers. In addition to the analysis of workers' accounts, we also analyzed business literature in the creative industry and podcasts about creative work.