Em diálogo crítico com a literatura especializada e com base na sociologia pragmatista, a investigação descreve e examina como atores individuais e coletivos do ativismo negro evangélico participam da problematização pública do racismo. A pesquisa, de natureza qualitativa, baseia-se na coleta e análise de fontes documentais, no monitoramento de notícias e de mídias sociais, na realização de entrevistas semi-dirigidas e na observação direta e participante em grupos de ativistas evangélicos negros em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco entre 2019 e 2021. Destaca que seu ativismo, além de tensionado pela polarização político-ideológica que permeia o campo evangélico, apoia-se em crenças e valores religiosos não hegemônicos no meio evangélico e em um sentimento de autorresponsabilização política. Enfatiza que é nas situações problemáticas e arenas públicas de que participam que se produzem e significam seus pertencimentos racial e religioso. Observa que eles têm se organizado coletivamente e atuado no combate ao racismo de distintas maneiras: promovem encontros, seminários e cultos pela igualdade racial, produzem e disseminam conteúdos teológicos, interveem no debate público por meio de notas e campanhas nos meios digitais, efetuam atos de protesto de rua e estabelecem conexões com o movimento negro não-evangélico. A fim de obter legitimidade tanto diante do movimento negro quanto de seus pares religiosos, procuram pôr em ação estratégias de visibilização pautadas pela crítica ao conservadorismo da direita evangélica, pela solidariedade aos cultos afro vítimas de intolerância religiosa e por esforços de autenticação de seu ativismo e de sua identidade evangélica, associando teológica, simbólica e esteticamente sua experiência religiosa à sua condição racial.

In a critical dialogue with the specialized literature and based on pragmatist sociology, the investigation describes and examines how individual and collective actors of black evangelical activism participate in the public problematization of racism. The research, of a qualitative nature, is based on the collection and analysis of documentary sources, monitoring news and social media, conducting semi-directed interviews and direct and participant observation in groups of black evangelical activists in São Paulo, Rio de Janeiro and Pernambuco between 2019 and 2021. It highlights that its activism, in addition to being strained by the political-ideological polarization that permeates the evangelical field, is based on non-hegemonic religious beliefs and values in the evangelical milieu and on a sense of political self-responsibility. It emphasizes that it is in the problematic situations and public arenas in which they participate that their racial and religious belongings are produced and signified. It observes that they have collectively organized and acted in the fight against racism in different ways: they promote meetings, seminars and cults for racial equality, produce and disseminate theological content, intervene in public debate through notes and campaigns in digital media, carry out acts of protest and establish connections with the non-evangelical black movement. In order to gain legitimacy both from the black movement and from their religious peers, they seek to put into action visibility strategies based on criticism of the conservatism of the evangelical right, solidarity with Afro cults victims of religious intolerance and efforts to authenticate their activism and of their evangelical identity, associating theologically, symbolically and aesthetically their religious experience with their racial condition.