O quadro do ativismo político no Brasil contemporâneo conta com a participação dinâmica e expressiva de grupos liberal-conservadores. Esta tese é dedicada a estudar esse campo, tendo, para isso, selecionado aquele que consideramos seu principal representante: o Movimento Brasil Livre (MBL). O trabalho é baseado em métodos de pesquisa qualitativa e se apoia nos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria do Confronto Político. Em diálogo com a recente literatura sobre o fenômeno, argumentamos que o ressurgimento do ativismo liberal-conservador foi impulsionado pelo ciclo de protestos iniciado em Junho de 2013 e contribuiu para reconfigurar o quadro e os significados do ativismo no presente. Sob influência de ideólogos conservadores, o grupo renovou as performances habituais da interação na "política do confronto" e conquistou uma notoriedade que contribuiu para certificá-lo como ator político. No mesmo sentido, a concorrência entre pares e o esforço por protagonizar o movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff foi responsável pela consolidação do MBL e concorreu para o recrudescimento do próprio movimento. A trajetória do grupo também corrobora a tendencial ascendência da lógica do ativismo institucional no seio do que a literatura especializada chamou de "movement parties". Diante do dinamismo inerente do processo político e da recomposição do cenário de forças, o MBL precisou reposicionar-se no campo a fim de assegurar sua sobrevivência e viabilizar candidaturas eleitorais. Mas as guinadas estratégicas também provocaram defecções de apoiadores e uma consequente reorientação tática, embora não menos consistente com uma agenda conservadora.

Brazilian political activism of present days relies on the pronounced participation of liberal-conservative groups. This thesis is dedicated to studying this field, for what we have selected the one we consider its main representative: MBL Movimento Brasil Livre [Free Brazil Movement]. This work is based on qualitative research methods and is supported by the theoretical framework of Contentious Politics. In dialogue with the recent literature on the phenomenon, we argue that the resurgence of liberal-conservative activism was thrust by the cycle of protests that began in June 2013, and contributed to reconfigure the disposition and meanings of political activism. Under the influence of conservative ideologues, the group renewed the usual performances of contentious poli-tics and was certified as a political actor due to its noticeability. In the same sense, peer competition and the effort to get credit for leading Dilma Rousseff's impeachment mobilizations were responsible for consolidating the group as a political actor while contributing to a recrudescence of the mobilizations. The group's trajectory also corroborates a tendential increasing logic of institutional activism within the so-called "movement parties". Faced with the inherent dynamism of the political process and the rearrangement of forces, MBL had to reposition itself in the field in order to ensure its survival and build a solid constituency. But the strategic shifts also brought about supporters' defection and the need to a tactical reorientation, though no less consistent with a conservative agenda.